THOMAS, O DISSIDENTE - OSWALDO ROMANO


THOMAS, O DISSIDENTE.
OSWALDO ROMANO   
                                                                         
         Amigos. Amigos do Escreviver. Neste momento enquanto aqui estudam, os bares estão repletos de homens vazios. Verdade, verdade ou não, a maioria das mulheres vê e critica.

         É um poço, de dor e amargura, esses desocupados que assim jamais obterão êxito no caminho da vida, vivem no mundo dos folgados, observados pelos homens de boa fé. É lamentável, um ato de falta de grandeza, desprezar os ensinamentos quando eles poderiam estar em suas mãos.

         Faça sol ou chuva, as lições da Monitora Ana Maruggi, valorizam dia a dia nosso visível progresso. As reuniões no começo foram muito fáceis, agora estão difíceis, mas dá para encarar, graças ao seu empenho. Quem não teve paciência de acompanhar, esta em tempo de ressuscitar matérias mortas. Tem que buscar coragem para colar e coragem para seguir o nosso caminho.

         Recomendou-se muito para que não se cabulem as aulas, elas são muito úteis, enquanto nas ruas você cabulando, só vai encontrar inúteis companhias. Por mais que procure, por mais que insista achar, cavar molezas, só irá encontrar profundos enroscos, além do que vai se derreter no sol.

         Thomas, nosso ilustre ausente, que não conseguiu acompanhar o grupo resolveu caminhar nas trilhas, primeiro iria visitar a fonte que bisbilha. Não foi fácil, foi difícil. Difícil se manter dentro da Mata Atlântica. Com o balançar dos galhos as folhas ciciavam brandamente ao vento. Os sons murmuravam, dava medo, quebrava sua marcha cadenciada, desviava sua atenção.

         Um cachorro cor preta sai do mato fechado, com fortes latidos, aquele, au, au,au irritante, que completa esse medroso quadro. Thomas precaveu-se.  Foi quando notou a distância uma pessoa cabeluda. Era um índio que se aproximando, gritou grasnando como um corvo faminto - quém, quém, quém - só assim silenciou o cachorro.

         Sem cumprimentar  Thomas, o índio começou a uivar – auuuu, auuuu, auuuuu, o cachorro voltou com seu, au, au, au. Ele continuou chamando, pumba, pumba, punga, Pancada, Pancada aqui. O perigo rondava Thomas. O cachorro pressentindo confusão não parava. Latia, quebrando o silêncio da mata. O eco não deixava por menos, repetia em cadência.

         Thomas procurou o doce sabor da liberdade e encontrou a chegada de uma noite triste. Vieram também outros índios. Discutiram muito entre si e um dos que chegou, gesticulando bravamente contra o primeiro, insinuava ele não bater bem da cabeça. Na boca da noite, soltaram Thomas. Assustado, caminhou uns cem metros, caiu na realidade. Explodiu um choro, chegou de vez a noite, iria enfrentar tenebrosos momentos, sem lua, carregando consigo um brutal arrependimento da sua desastrosa ideia de deixar o Escreviver da monitora Ana no AP *

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