OS MISTÉRIOS DE CAPE
CROSS
Oswaldo Romano
O Express
Shongololo que levava o casal Fred e
Joan, cruzava o deserto e mostrava a impressionante paisagem que em viagens
anteriores já admiraram.
Os mesmos
cenários surreais deixava-nos deslumbrados. Suas dunas, a cor da areia, e a
vegetação desse que é o maior parque que abriga a grande reserva animal da África.
Uma viagem proveitos
que unia o turismo ao principal objetivo há tempos programado, encontrar o
misterioso telepático do além, o vidente Ghotoz.
Joan pretendia
terminar sua tese, carregava esse objetivo, uma ideia fixa que não conseguiu
abandona-la. Agora estavam em viagem. Essa obsessão por vezes a cegava.
Escapavam-lhe tantas outras novidades dessa misteriosa Terra.
Chegaram à
província, quando pela primeira vez perguntaram pelo vidente. O namibiano sorrindo
disse:
— Pelo nosso
Deus, profetas! Aqui tem tantos Ghotoz, tanto
quanto temos de focas! Muitos em Karas, Hardap, Caprivi, Karango. Joan Tomou um
banho frio! Mas, não desistiu. Queria saber da jornalista desaparecida. Ignoravam.
Mas, como em toda parte, tinha os que profetizavam. Sempre questionados sobre o fato, insinuavam recompensa.
Desaparecimentos
de pessoas serviam para levantar pensamentos místicos na região. As autoridades
escondiam, mas os guias nabianos deixavam escapar que desavisados turistas,
ávidos para conhecerem melhor a cratera de Messum, levados por ruídos mântricos
das profundezas, tomados de magia e ocultismo, desapareciam lá.
Joan quis
conhecê-la e com essas informações, ganhou uma misteriosa iconolatria que
devaneia sua personalidade, levando-a a um regozijo sobrenatural, convencida
que foi ter sido esse modo como desapareceu a jornalista.
Dando por encerrada
a busca, resolveu terminar sua tese no regresso, desviando o tema. Desta
maneira conseguiu um premiado trabalho revelando para o mundo outras
informações também sonegadas por autoridades da Namíbia. Foi durante a viagem de
volta quando o casal conheceu de perto o Okavango, rio caudaloso que não
alcança o mar como a maioria, pois sua foz dissolve-se no deserto. Resolveram
dar um stop no paraíso das focas,
onde um milhão ou mais, ali acariciando-se mostravam o espetáculo.
Coisa
maravilhosa só no período turístico. Fora dessa época, acontece o da matança.
Consta noventa mil o número de focas abatidas anualmente. Usam clavas providas de
um grande prego na ponta, atingindo suas cabeças. Com conhecimento o governo
participa do lucro oriundo da venda dos seus couros. Porretadas dadas por
homens atletas, urram na hora, como no
kung-fu, provocam uma demorada sangria até a morte, encharcando de sangue a
areia da praia.
Depois da
carnificina o governo usa tratores equipados com laminas para enterrar o crime.
Apresenta assim aos turistas, uma praia limpa com focas sadias que vendo os
homens, uivam, uivam, ficando o mistério se o fazem de alegria, ou é um choro
pela perda dos seus filhotes, dos seus semelhantes.
Joan
navegando nas doloridas palavras que escreveu, depois de apresenta-la, resolveu
em definitivo, arquivar sua triste tese.
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