ACAMPAMENTO DE UM POVO NÔMADE QUALQUER
Maria
Luiza de Camargo Malina
Um pequeno povoado do
leste europeu, fazendo fronteira com a Polônia, é o lugar escolhido para uma
das paradas de um grupo nômade. A pequena vila que se perdia, entre distantes fazendas, em
imensos campos cobertos pela neve.
Sabia-se que os que
lá estavam acampados viviam de trocas de mercadorias, vendas de artesanato,
metais. As mulheres, de longas e coloridas saias envoltas em seus xales,
previam o futuro pela leitura das calejadas mãos dos habitantes locais, cuja
lavoura principal é a batata. Outras preparavam bebidas quentes e deliciosos
guisados, como famoso “goulash” em imensos caldeirões pendurados sobre a
fogueira. Os violinistas alegravam os curiosos bem atentos que lá chegavam.
Eram dias típicos, que animavam os moradores a saírem de suas casas.
Durante a feira, em
que tudo se vendia e tudo se comprava, um fazendeiro chega com quatro cavalos
fortes que chamam a atenção dos nômades. Já estavam necessitando de cavalos,
pois com o frio excessivo alguns já haviam morrido. De imediato, fazem a
negociação, pois teriam que desmontar o acampamento no dia seguinte. Venda
realizada.
Durante a noite,
ouvem-se seguidos gritos de socorro. Todos se entreolham. Ninguém abre a porta.
Estanislav e Mili, que dormiam no sótão, espiavam entre as frestas da janela e
percebem no contraste da neve, os Nômades encobertos pelos mantos negros,
deixando as marcas das pisadas afundadas na neve, de um lado para o outro. Um
deles estava próximo à porta. E os gritos continuavam, como que a se
distanciar. Todos ficaram em absoluto silêncio.
Foi uma noite de
terror. No dia seguinte, Eva pergunta ao seu marido o que ele havia vendido
para os Nômades, pois sabia que aproveitava alguma oportunidade para desfazer-se
do que não precisava mais.
- Vendi os cavalos
para os nômades.
- Como! Os cavalos
estavam velhos, desdentado, quase nem paravam em pé. O que você fez? Pergunta
Eva, colocando as mãos na cabeça apavorada.
- Bom, eles é que
quiseram comprar. Eu estava lá. O que eu fiz?
Ora Eva! Na cocheira antes de sair, enfiei um copo de aguardente na
goela deles para ficaram bem espertos, pareciam cavalos novos. Até eu fiquei
impressionado! Gostaram e compraram, aliás, já devem estar a caminho de outra
fronteira.
Eva, balançava a cabeça dizendo:
— Não, não, desta vez
foi você quem tapeou os Nômades. Precisamos tomar cuidado.
- Quer saber de uma
coisa? diz Estalislav - O guisado
cheirava a muito bom, não comi é claro. Mas, fiquei pensando de onde teria
vindo a carne!
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