CORAÇÃO
DE FILHO – CORAÇÃO DE PAI
Oswaldo Romano
Um filho como tantos outros, assistindo o
envelhecimento do pai, vai se desdobrar o quanto puder para realizar o sonho e
fazer o velho feliz oferecendo-lhe no seu dia um modesto presente.
O custo do presente, como sempre acontece, foi além
do previsto para seu controlado dinheiro de adolescente. Parte daquilo que ele
aspirava comprar para si, deixaria para depois, agora estava comovido diante
daquele senhor radiante de alegria, que hoje reunia a família espreitando toda
evolução e o crescimento dos netos.
Não, não podia negar. Oferecendo tenro abraço,
diante do próprio olhar alegre e suplicante, disse:
— Pai eu comprei... Eu
comprei para você, Pai!
O Pai não resistindo disse com voz embargada, e os
olhos que já o entregava:
— Filho, farei de tudo pela
nossa união, nada fora do normal eu desejo, se isto lhe faz feliz, comunguemos
nossa felicidade.
Puxando-o junto ao ombro, juntou seu rosto daquele
que não há muito era seu bebe, e comovido, soltou suas lágrimas de afeto que
não pôde conter.
Liberou e deixou nesse aconchego extravasar sua
emoção. Falou mais alto o escopo da reprodução, envolvido por misteriosa
atmosfera de carinho e amor. Criou mais um instante mágico na sua atribulada vida.
Sentiu, era esse o momento de libertar com a sua
simples anuência, seu até então duro, vacilante, e atribulado coração de pai,
renovando assim os valores do próprio lar.
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