Perdas significativas
Ledice Pereira
A vida é repleta de altos e baixos. Bem cedo aprendemos a lidar com os percalços. Isso serve para nos deixar mais fortes e nos fazer enfrentar aquilo que está preparado no nosso destino.
Minha primeira experiência com a morte foi aos quinze anos, quando perdemos minha avó materna, com quem eu tinha uma convivência muito grande e quase diária. Depois de uma queda e uma cirurgia de fêmur, ela se foi. Trouxemos meu avô para ficar conosco. Cedi meu quarto para ele e me ajeitava no sofá da sala. Ele era uma pessoa fácil e queríamos que ele permanecesse em nossa casa, mas depois de seis meses ele quis voltar pra casa, ligou para o jornal O Estado de São Paulo, que assinava, voltando a recebê-lo no seu endereço.
Meses depois, adoeceu, vindo a falecer e deixando um grande vazio.
O irmão mais chegado de minha mãe era aquele tiozão que eu adorava. Eu queria que ele fosse meu padrinho de casamento. Mas, um dia antes de comemorarmos nosso noivado, ele faleceu aos 51 anos. Aproximamo-nos mais ainda dos três filhos e da esposa dele, o que nos uniu para sempre. Minha prima foi com outro tio, minha madrinha de casamento, tornando-se minha confidente, apesar de termos seis anos de diferença de idade. Nunca imaginei que ela iria embora antes de mim.
Em 1992, numa visita a meu pai, que morava então em Santos, sozinho, percebi que ele não estava bem e o trouxe para minha casa. Foram várias consultas, várias cirurgias e vários tratamentos. Nesse ínterim, em 1994, minha mãe sofreu um AVC, voltando para casa numa cadeira de rodas. Tivemos que administrar esse momento. Felizmente, tive a ajuda de filhos, marido, primos, cunhada, sogra, enfim. A duras penas, consegui sobreviver.
Em março de 1995, mamãe faleceu e, em maio, papai nos deixou. Fiquei um pouco sem chão. Senti-me inútil. Duas perdas que me balançaram tremendamente. Dediquei-me ao trabalho, o que me ajudou a seguir em frente.
Ficou uma tremenda saudade!
Ultimamente, temos sido surpreendidos, cada vez mais, por notícias de morte de amigos queridos. Sabemos que a vida é um sopro e que, por mais efêmera que seja, jamais iremos nos conformar com sua finitude, principalmente quando atinge a quem amamos.
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