VAI SAIR O BARCO - OSWALDO U. LOPES


VAI SAIR O BARCO
OSWALDO U. LOPES

         Era encantador o fascínio que o mar exercia sobre Henrique. Tinha por ele um grande respeito, mas um desejo enorme de navegar, e isto desde que era uma criança. A família tinha casa na praia, só que todos eram chegados apenas às águas pelas canelas e mal passavam da arrebentação.

         Ele aprendeu a nadar, mergulhar, voltear e dar cambalhotas como os golfinhos de quem era muito amigo e com os quais gostava de se encontrar, ainda de madrugada com o dia clareando. Vendo parecia um deles, acredite ou não.
         Gostava também dos pescadores e saia muito com eles, nas traineiras, para alto mar. Às vezes parecia conversar com as ondas mesmo quando eram altas e se arrebentavam com estrondo.

         Não tardou que aprendesse a velejar e a sentir o prazer da navegação sem ruído. Por causa de sua solidão e daquele amor sem medida pelo mar acabou ganhando a fama de esquisito.

         Preocupava a família é claro, mas como era bom aluno e progredia nos estudos era olhado como excêntrico, talvez mal da idade, coisa de adolescente.
O adolescente, porém, cresceu, virou adulto  formado em engenharia naval é obvio,  e eterno namorado do mar.

         Parece que foi ontem, saiu no seu barco a vela, encontrou seus amigos golfinhos, dizem que havia sereias também e... Desapareceu. Juram que não morreu, apenas foi viver junto às fantásticas criaturas com que nossa imaginação povoa os mares.


Deixou saudades, mas não tristezas, acreditam que cumpriu seu destino e foi viver onde era seu apropriado e querido lugar.

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