CASA DE PAU A PIQUE - FERNANDO BRAGA




A casa de pau a pique.
Fernando Braga

Em casa de pau a pique,
Foi lá onde me criei,
Na pobreza de meus pais,
A meus irmãos me juntei.

Ainda pequeno me lembro,
Da cama em que dormia,
Em colchão esfarrapado,
Mas acordava e sorria.

Tinha pai muito querido,
E minha mãe a zelar,
De todos nós bem pequenos,
Vivendo no mesmo lar.

Meu pai construiu a casa,
Sozinho, com muita luta,
Para nos dar um abrigo,
E continuar sua labuta.

As paredes tinham frestas,
E no telhado um vão,
Que nas noites muito quentes,
Refrescava o salão.

Um dia ficou bem doente,
Minha mãe, o seu coração.
E necessitou ir à vila,
Para uma internação.

O exame de sangue veio,
 E ao diagnóstico levou,
Era o tal do treponema,
Que seu coração afetou.

Logo vieram os agentes,
Da prefeitura, acabar,
Com os barbeiros das paredes,
Esperando o sangue chupar.

Minha mãe logo morreu,
Com a doença de Chagas,
Mas permitiu que vivêssemos,
Longe daquela praga.

Uma casa de tijolos,
Felizmente construiu,
O meu pai com seus amigos,
E o inseto sumiu.

Adulto hoje eu conheço,
Que o abrigo dos barbeiros,
Naquelas casas de taipa,
São terríveis hospedeiros.

Doença do Brasil pobre,
Dos rurais desprotegidos,
Que sem controle endêmico,
Nos deixa estarrecidos!

Casas de pau a pique,
Moradia dos chupanças,
Têm que ser vistoriadas
Em um país, com lembranças.

Apesar da descoberta,
De nosso querido Chagas,
 A doença que traz seu nome,
É uma das piores pragas.

São dez milhões de latinos,
Todos anos, vitimados,
Que pelo Triatomídeo acabam,
 Terrivelmente infectados.

Um dia estaremos livres,
Desta parasitose letal,
Vamos esperar dos governos,
Um resultado afinal.

É barbeiro ou chupança,
O nome do inseto grande,
Parecido com a barata,
Vivendo junto às frestas
Das pobres casas de barro,
Contaminados com o Tripanosoma Cruzi
À noite saem, para chupar o sangue,
Daqueles pobres incautos,
E suas fezes contaminadas,
 Deposita junto às picadas.
A vítima sentindo dor
E ao coçar o local,
Leva a seu sangue o agente,
Que vai lhe causar todo o mal.

Até os tempos atuais,
O Brasil continua vítima,
Desta moléstia endêmica,
E não há governo que resolva,
O problema associado,
À pobreza rural,
Afetando principalmente
 Norte de Minas e Bahia

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