Doce Vício - Vera Lambiasi



Doce Vício                
Vera Lambiasi

Jogando, praguejando, gastando.
Num continuar de cartas a tudo esquecer.
Aluguel por quitar, luz a cortar, água quase acabar.
A família, aos pedaços, descamba.
Desfiladeiro de lamentações.

Naquela noite sardenta, saiu Homero cambaleando.

Até que aconteceu o milagre. Enfiando a mão no bolso, da calça de tergal, tateou o maço de notas polpudas. Não fazia ideia de onde vieram.

Marluce, jogadora, foi para casa, ainda pensando no montante perdido.
Metido nas calças da secreta paixão.

O canalha despertara clandestinos desejos.

Dívidas pagas, volta à mesa de poker.

Marluce, silenciosamente se alegra.


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