Encontro - Vera Lambiasi


Encontro
Vera Lambiasi


Maria Madalena vivia em Varallo Pombia, província de Novara, no norte da Italia.
Morava em um sobrado secular, onde, no térreo, funcionava sua loja de santinhos e quinquilharias.

Tinha lá seus sessenta e poucos anos e já enviuvara de Giuseppe há dez.
Seus filhos casaram e mudaram para as redondezas, vicino, vicino ...

Mas havia o filho bastardo de Giuseppe, perdido desde antes do casamento deles.
O falecido marido se engraçara com uma dançarina espanhola em sua adolescência, e a tal moça, grávida e desamparada, fora escorraçada da cidade pela conservadora família Montecatini.

Maria Madalena, católica devota, nunca mais tinha pensado na traição do, então namorado, Giuseppe. Até que apareceu na soleira de sua venda um rapaz que era o próprio retrato de seu finado cônjuge.

        Buongiorno! Mas que es questo fantasma?

        Buenos dias, minha senhora, venho a procura de Giuseppe Montecatini, meu pai!
        Deus seja louvado! Se é dinheiro que quer, pode ir passando fora! Seu pai já morreu!

        Não, senhora, com todo respeito, gostaria de conhecer meus irmãos.

        Nem brinca, espanholzinho, eles nem sabem que você existe!

Mas o tempo atropelou a mamma, e lá estavam seus três filhos estupefatos, escutando a ofensa que ela dirigia a um estranho.

Não tão estranho ... Pablo parecia-se também com seus irmãos, uma dessas molecagens do destino. Todos homens altos, morenos e de olhos azuis.

Depois do susto, tudo foi explicado e aceito, não havia mais razões para mentiras.

A mãe de Pablo falecera há um ano, deixando-lhe toda a história de sua origem como testamento. Além de uma boa fortuna, fruto de seu duro trabalho como renomada artista de dança flamenca.

O entendimento entre irmãos foi imediato.

Pablo mudou-se para Borgo Ticino, ali mesmo no Piemonte, e associou-se a família na empresa de engenharia civil.

A mamma, Maria Madalena, já conformada, não se aguentava de felicidade em ver a família crescendo. Pablo casou-se com uma sobrinha italiana puríssima, e engrossaram a grande mesa de macarronada dos domingos.

        Mangia che te fa bene, Pablito!


Nenhum comentário:

Postar um comentário