Amex - Bárbara Blue

 


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Bárbara Blue

Marion e Rashid casaram-se há alguns meses. Ambos continuavam na rotina de suas ocupações.  Sempre ansiosa à espera do retorno ao lar frequentemente surpreendido por pequenos mimos, jantar regado de um bom vinho em copos transparentes como era o relacionamento a dois.

 Marion sempre era a primeira a chegar. Percebia que alguma coisa estava diferente, mais  bem arrumada, mas como não tinha empregada,  isso a perturbava.  Porém deixava qualquer pensamento de lado e se entregava aos milhares afazeres domésticos, embora sentisse que uma sensação estranhamente provocativa a rondava.

Um desses sinais tornou-se visível, encontrou sobre a mesa da sala a foto de uma bela moça, outro dia livros com dedicatórias e envelopes sem remetente, intrigou-se com o fato, uma vez que seu marido morara no apartamento antes de se casarem.  Mas,  as camisas que estavam por passar, de repente apareceram passadas. Um arrepio tomou-lhe conta uma vez que seu marido estava viajando, e supôs que mais alguém teria a chave do apartamento. Deixou tudo em seu devido lugar e nada comentou quando do retorno de seu marido, que apenas olhou e nada disse.

Nas semanas seguintes, Marion continuou em seu dolorido silêncio observando a chegada de mais envelopes, os quais não abria, ignorando-os tanto quanto a falta de identificação até que disse para si mesma: “chega” não iria mais deixar que brincassem com seu interior, continuaria com sua indiferença silenciosa.  Então, comprava rosas a cada dois dias, bilhetes eram colocados no para-brisa do carro, que ela se escrevia...  E nada acontecia!  Ele não dava importância às pequenas coisas e nem  exigia explicações.  Até que um dia uma excelente ideia aqueceu a necessidade do não fazer nada, ultrapassou o limite do cartão de crédito com suas aventuras.

Desta forma, com duas taças três garrafas de vinho e um tabuleiro de xadrez, colocaram tudo em seu devido lugar. Trocaram a chave do apartamento, e descobrindo as provocadoras  deixaram-nas enfurecidas pelo silêncio e pela bela e sorridente vida que levavam a dois.

Só Deus sabe o que acontece entre quatro paredes! Mas foi.

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