ZÉ DAS
BEXIGAS
Sérgio
Dalla Vecchia
Bexigas
multicoloridas eram como vida para o pacato Zé.
Gostava
tanto, que adotou como profissão, vende-las nos parques da cidade grande.
Embaralhava
o sorrisos das crianças, os cantos dos pássaros, o burburinho do povo e os
descartava em formas de bexigas.
Cada
freguês recebia a bexiga com a cor que o próprio Zé pressentisse que correspondesse
a ele.
Certo
dia, empolgou-se tanto que adquiriu uma quantidade imensa delas, convicto que
as venderia.
Assim,
bem cedinho foi enchendo de gás uma a uma. Perdeu a conta da quantidade. Quando
percebeu, havia decolado segurando no imenso feixe de bexigas.
Assustado,
olhava para baixo percebia a altura cada vez maior, mas o inusitado fato,
transformou seu medo em pura alegria.
Quanto
mais ascendia, maior o campo de visão e mais aleluia brotava no coração
sonhador.
Assim,
ao sabor dos ventos sobrevoou o Brasil, entusiasmado com o cenário, presenteou-o
liberando bexigas verde, amarela, anil e branca.
Passou
pelos Estados Unidos, encantado pela pujança ofereceu-lhe bexigas azul, branca e vermelha.
Soprou
um vento forte de través e o levou rápido para o Velho Continente.
Sobre
a França, liberou azul, vermelha e branca. Para a Alemanha, preta, vermelha e
amarela.
Mais
um vento forte o levou para o leste, onde maravilhou-se com a Áustria, deixando
lá uma vermelha e outra branca.
Mais
ao norte sobrevoou a Rússia de geografia pitoresca e de clima marcante, sobre o
rio Volga soltou bexigas, vermelha, azul e branca.
Desceu
um pouco para a China, deslumbrou-se com a quantidade pessoas e pelos
monumentos milenares, liberou uma vermelha e outra amarela.
.
Mais
a leste chegou ao Japão, terra do sol nascente e ofuscado pela cor carmesin
liberou uma vermelha, outra branca.
Desceu
para o Novo Continente e na Austrália soltou azul, vermelha e branca.
Assim
correu os quatro cantos do mundo respirando história, visionando amanhãs,
sentindo as intempéries na sua viagem colorida.
Porém,
a quantidade de bexigas liberadas, desequilibrou a sustentação do depenado
feixe e o Zé começou a descer, foi quando encontrou uma superfície totalmente
branca denominada Antártica.
O
branco era único, não existiam cores. Encantado, mais uma vez o sonhador Zé,
esquecendo-se da própria situação, soltou todas as bexigas brancas restantes,
como homenagem à aquelas terras imaculadas.
Caiu
!
De
tão alto, fez um buraco no gelo, sepultando com ele todos os significados
transvestidos nas três cores primárias; vermelho do sangue derramado, amarelo
do ouro cobiçado e verde das matas dizimadas.
Protegido
pelo branco da Paz, sonha eternamente Zé
das Bexigas, o colorido mais incolor dos homens.
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