Um caso de infidelidade - Maria Amelia Favale



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Um caso de infidelidade
Maria Amelia Favale



Aconteceu mesmo, e foi com o vizinho Francisco que morava em frente à minha casa. Pela janela eu via a movimentação de sua residência  lá dentro. Ele quase nunca estava lá, sempre viajando a serviço de sua empresa. E ela recebendo amigo.

Um dia vi a vizinha recebendo alguém, que eu não lembro de ter visto antes. Anita recebeu o belo jovem rapaz com um beijo. Isto não parecia ser normal, mas não se deve interferir na vida dos outros. Apesar de tudo, desse dia em diante fiquei ainda mais atenta. Era notório que algo novo estava acontecendo naquela casa.

Relembrando uma conversa com ela, quando disse que seu marido era ciumento, passei de curiosa à preocupada com as constantes visitas furtivas do jovem amante.

Dias depois vi o carro da polícia na porta da Anita. Soube que foi encontrada morta na cama. Muito comentado foi esse fato horrível. Porém, alguém confirmou que era natural que isto acontecesse.

As investigações foram realizadas, e o marido, maior suspeito nesses casos, estivera viajando e comprovava com as passagens aéreas e notas do hotel. Foi ele que encontrou o corpo na manhã que chegou de viagem.  O detetive não conseguia se desvencilhar da hipótese de que o marido era o assassino, pois tudo levava a crer que fosse ele, ainda mais depois que descobriram o tal amante, um rapazote com menos de vinte anos, um garoto de programa que ela sustentava com o pagamento de seus encontros.

Dez anos se passaram e até hoje não se identificou o criminoso.

Hoje, pela janela vi o Francisco recebendo a namorada, vejo-a chegar com maleta pequena e uniforme de aeromoça, por acaso a mesma companhia aérea que ele sustentou ter utilizado na época do crime, e até comprovou com as passagens.

Hoje sei de tudo! Com essa modernidade de ser virtual,  ele fez o check-in e o cheque-out do hotel, online. E naquele avião ele não entrou, para ir nem para voltar. O check-in também fez online. Quem embarcou em seu lugar foi o irmão da Gisele. Quem me garante é a própria Gisele, a aeromoça, minha grande amiga, que se orgulha de ter ajudado o amante a se livrar da esposa infiel. 



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