BRUXA OU FADA
Antonia
Marchesin Gonçalves
Zanzara minha mãe autêntica
inglesa nasceu na cidade de Bath a uma hora de Londres, como meus avós e eu.
Minha cidade é famosa pelas águas termais desde sempre, que até com a conquista
os romanos e seus imperadores passavam dias em suas águas curadoras e
construíram ali colunas típicas de sua arquitetura da época, com mármore de Carrara
e piscinas com pequenas cachoeiras existentes até hoje, sendo ponto turístico,
eles sabiam aproveitar bem as benesses de suas conquistas. Bath continua sendo
visitada até hoje pelos ingleses mais abastados para férias de cura, pois temos
um hotel cinco estrelas com uma construção em formato de um semicírculo que
chama atenção e um atendimento de primeira.
Mas estou falando sobre a cidade
para entenderem a minha história. Ah, quero falar sobre Stonehenge, também a
uma hora e meia de Londres, quem nunca ouviu falar sobre ela, trata-se dos
círculos de pedras enormes, construídos para rituais pagãos à mais de dois mil
anos atrás e até hoje existem. Quando nasci minha mãe deu-me o nome de Violeta
e desde pequena me levava com ela para esses rituais, me lembro das fogueiras
com seu calor intenso e muita luz, dos cânticos entoados pelas mulheres, suaves
e ritmados, acompanhados de um tipo de tambores e desde bebê acabava dormindo
embalada por esses ritmos. Há medida que eu cresci comecei a perguntar sobre
esses rituais e porque de mamãe fazer parte, ao que ela me respondia que quando
tivesse a idade certa me contaria. Só fui para a escola com seis anos,
morávamos em um rancho fora do centro e dizia ela querer me poupar das pessoas
malévolas, não entedia direito na época, mas aprendi mais tarde sofrendo na
pele. Frequentando a escola tentei fazer amizades com os colegas, mas me
olhavam com receio e na minha passagem os grupinhos me mediam e comentavam em
voz baixa, isso me deixava brava e isolada.
Até que um dia uma colega que
tinha mais aproximação comigo acabou me contando que na cidade todos sabiam que
minha mãe era uma bruxa, não sabendo eu o significado dessa palavra, cheguei em
casa e correndo perguntei aflita, que com toda a calma zanzara sentou-me na
cadeira e disse: chegou a hora de você saber a nossa história. Contou-me ela
que a nossa descendência é do clã dos Druidas e nós mulheres temos o dom da
cura, todas elas respeitadas pela sabedoria e o dom de vidência, sendo
consultadas por todos, inclusive pelos grandes chefes antes de tomarem algumas
decisões importantes. Contou-me também que teve uma época obscura dom mundo, a
idade média, que muitas de nós foram queimadas vivas, consideradas pelos nossos
dons como bruxaria, condenadas pela ignorância da sociedade da época, tinham
medo do nosso poder.
Muitas sobreviveram
escondendo-se em lugares longe da civilização, mas continuando a manter os
rituais, escondidas em cavernas.
Violeta, minha filha disse ela, você também herdou esses dons, vendo o
meu espanto, me acalmou dizendo: eu ajudarei e ensinarei a lidar com o teu
poder, pois eu sou a rainha da nossa crença e você será a herdeira, não tenha
medo nunca, o que fazemos é sempre para o bem de toda a humanidade, tentando
influenciar com os nossos rituais libertar todas as energias negativas,
limpando a atmosfera que nos envolve para um mundo melhor.
Agora adulta sou formada em
medicina com o intuito de ajudar mais a humanidade e uso os dons que aprendi,
mantendo os rituais no lugar de minha mãe que se tornou a conselheira mais
idosa e me sinto segura com a certeza de estar fazendo sempre o meu melhor para
o bem de um mundo melhor.
Sou Bruxa ou Fada?
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