A
ILHA PROIBIDA DE NIIHAU, HAVAI.
Sérgio Dalla Vecchia
Caio, repórter sagaz, ávido
por furos intrigantes e misteriosos, despediu-se da família, partiu rumo ao
Havaí, especificamente para a Ilha Niihau.
Era pouco habitada com seus
130 indivíduos e já conhecida como ilha misteriosa.
Diziam que lá acorriam fatos
sobrenaturais e registros de algumas mortes mal esclarecidas. Suspeitavam de
haver uma seita, que sacrificava pessoas, como oferendas em macabros rituais.
Ninguém ousava ir até a
ilha, sem autorização expressa do seu chefe.
Caso contrário a morte seria
certa!
Mesmo conhecendo as
histórias arrepiantes, Caio resolveu para lá seguir.
Montou em seu caiaque e
partiu naquela iluminada noite de mar calmo, acompanhado de longe pela
brilhante esfera lunar.
Após duas horas de firmes
remadas, aportou em uma pequena praia escondida
entre duas grandes pedras.
Arrastou a leve embarcação
para dentro das folhagens e a camuflou.
Câmera fotográfica à
tiracolo, lanterna na mão, uma inspirada profunda e a Coragem como companheira,
penetraram na mata.
Ouvia a percussão de tambores
e gritos de salvas.
Não entendia as palavras,
mas sentia a batida assustadora dos instrumentos repercutindo na alma. Quanto
mais avançava, mais audíveis se tornavam as palavras das vozes graves,
acompanhando o ritmos marcante.
— Odala, Odala, Humm Rá,
Humm Rá!
— Odala, Odala, Humm Rá,
Humm Rá!
Ansiedade e tensão de uniram
para intensificar a transpiração de Caio. Medo era o que sentia naquele momento,
pensou até em desistir. Se não fosse sua inabalável companheira Coragem, que o
pegou firme pelas mãos e o arrastou em frente.
Andou até uma clareira,
sorrateiramente aproximou-se e viu um grupo de pessoas cantando e dançando em
círculos, marcando a cadência com fortes batidas dos pés.
—
Odala, Odala, Humm Rá, Humm Rá!
Câmera em mãos, logo começou
a fotografar com lente especial.
O entusiasmo era imenso,
cada clique era como se fosse uma máquina registradora de supermercado,
significava lucro. Os olhos brilhavam!
Fotos pipocavam até que
inesperadamente surgiu um colar de luzes ao rés do chão, começou a girar
rapidamente até formar um anel homogêneo e com aceleração descomunal decolou
rumo ao céu.
Caio, boquiaberto, ainda
conseguiu tirar algumas fotos da decolagem e do início do voo.
Já tinha o furo de
reportagem. Era só voltar o mais rápido possível antes que o pegassem.
Assim fez. Chegou à praia, descobriu
o caiaque e o arrastou com toda força e se lançaram ao mar.
Remou como nunca até se
distanciar da zona de perigo.
Apoiou os remos sobre as
pernas. Suspirou de alívio e olhou direto para o estrelado firmamento.
Para onde foi o disco, qual
galáxia eles pertencem, que querem dos terráqueos, dúvidas que martelavam na
sua cabeça!
Caio, esperto, começou a
imaginar que aconteceria quando entregasse a reportagem para a mídia.
Assustou-se!
Seria considerado mais um
visionário de UFOS, suas fotos seriam questionadas e possivelmente desacreditado!
— Não, não quero isso para
mim, preciso de provas críveis!
Convicto, retomou os remos e
voltou direto para casa.
Chegando da viagem, não
disse nada a ninguém, sua mente já planejava como conseguiria as provas
contundentes.
Iniciou a pesquisa procurando
um grupo de Ufólogos.
Lá conseguiu informações estarrecedoras
que nunca pensou existirem. Na terra
existiam muitas colônias de extraterrestres, espalhadas em grandes
cavernas pelo mundo afora. Delas partiam e chegavam discos voadores ou naves similares
rotineiramente. Os relatos eram sigilosos. O motivo era a segurança Nacional.
Toda essa censura sobre as
aparições, instigou mais ainda Caio, para que se aprofundasse nos estudos
ufológicos.
Após um tempo de
aprendizado, tornou-se expert sobre Óvnis. Preparou-se com corpo e alma para a
arriscada viagem de retorno. Quando se
achou apto, partiu sem delongas rumo ao Havaí.
Lá chegando, esperou o dia
propício e usando o mesmo plano da primeira viagem, lançou-se ao mar rumo a
ilha Niihau.
Depois de algum tempo de
potentes remadas, aportou.
A estratégia agora era
penetrar na caverna, conhecer e interagir com os Ets.
O ritual era o mesmo.
— Odala, Odala, Humm Rá,
Humm Rá!
— Odala, Odala, Humm Rá,
Humm Rá!
Com roupa camuflada, usando
tácticas de emboscada, aprendidas durante sua passagem pelo exército, com muita
técnica, prudência, contornou o palco da cerimônia, e penetrou na caverna. Seu
coração repercutia tão forte quanto os tambores. A adrenalina excitava todos
seus sentidos e músculos fazendo-o transpirar ao exagero.
A boca da caverna era
enorme. Foi adentrando escondendo-se com sucesso de pessoas que ali se
encontravam. Mais adiante deparou-se com um imenso pátio, onde havia três naves
espaciais, uma ao lado da outra.
Caio escolheu a primeira em
direção à boca da caverna, encontrou uma
porta que parecia não ser a principal e sorrateiramente embarcou. A nave
tinha um formato de disco, com diâmetro de uns 20 metros e luzes intermitentes
dando a entender que estaria prestes para decolar.
Caio estava em transe. Não
entendia direito até onde queria chegar com a louca determinação. Porem seguia em
frente, sempre de mãos dadas com a Coragem.
Percebeu pessoas entrando na
nave, ruídos estranhos aos seus ouvidos, vozes falando um idioma desconhecido e
uma movimentação geral davam sinais de que a decolagem estava próxima.
Não havia tempo para fugir.
A porta pela qual entrara fechou-se. Caio tinha que encontrar um assento para
aguentar a decolagem. Por sorte achou um compartimento vazio com dois assentos.
Não titubeou, sentou-se rapidamente e apertou o cinto de segurança.
Rezou, rezou com fé para que
sobrevivesse a mais uma das suas extravagantes aventuras.
O silencio era total.
Percebeu que a porta da sala se fechou e sentiu uma pequena pressão nos
ouvidos, sinalizando que havia pressurização.
A nave começou a
movimentar-se a poucos metros do chão, direção à boca da caverna. Quando lá chegou,
acelerou rumo ao Universo.
Caio não sentiu nenhum
desconforto durante o procedimento de decolagem. Não havia barulho, assento
confortável e ninguém o incomodou. Situação que causou estranheza. Esperava o
pior!
Após um tempo de voo,
abriu-se repentinamente uma janela panorâmica.
Surpreendeu-se e ao mesmo tempo
deslumbrado com a vista do espaço. Não acreditava no cenário. Planetas, luas,
meteoros e o desconhecido, tudo ali a sua frente.
Ainda boquiaberto, percebeu
que a porta da sala se abriu e entraram dois homens. Tinham todas as
características dos terráqueos, altura, modo de andar e aparência. Não trajavam
capacetes e nem roupas especiais, apenas um macacão prateado com um símbolo
redondo estampado no peito.
Caio soltou o cinto e
levantou-se rapidamente. O medo do desconhecido era imenso. Os dois homens
vieram em sua direção parando a um metro de distância.
Um deles falou na língua de
Caio:
—Eu
sou o comandante Agarb. Bem-vindo a bordo da nave Evolution 3. Estamos indo
para o planeta Arret no sistema solar que forma a galáxia Aetcalaiv.
—Não se preocupe com sua
integridade, você é nosso convidado . Não pense que chegou até aqui pela
esperteza. Nós já o estávamos monitorando, desde que aportou na Ilha. Fazemos
esse procedimento com todos. Aceitamos apenas os visitantes que acreditamos terem
potencial para nossa missão, enquanto lemos as mentes por telepatia. Os reprovados
entregamos para o ritual dos nativos.
—Dentro de oito horas
terrestres posaremos em Arret, encerrou o comandante.
Caio absorveu cada palavra.
Não tinha a menor noção do que encontraria. Por sorte pareceram amistosos e não
houve problema de comunicação.
—Você
está convidado a jantar conosco no salão principal, tome um banho desinfetante
a seco naquela cabine, depois vista um traje propício que está no armário. O
aguardamos pontualmente daqui há duas horas.
Após duas horas um
tripulante acompanhou Caio para o jantar.
Eram dez oficiais do comando
ali reunidos. Agarb era o comandante e Onamor o sub-comandante.
Caio sentou-se à mesa entre
os dois, que o receberam com simpatia.
Tomaram um suco esverdeado
com gosto de vegetais e iniciaram uma conversa.
Agabr descreveu Arret, como
um planeta numa dimensão antagônica a Terra.
Ele tinha como função equilibrar
as vibrações positivas e negativas emanadas para o Universo pela da Terra. Para
tanto devolvia vibrações antagônicas; recebia negativas, devolvia positivas e
vice versa.
Acontece que há tempos o desiquilíbrio vem aumentando.
As vibrações negativas
aumentaram tanto que o povo de Arret obrigou-se a contrapor emanando mais e
mais vibrações positivas para que o bem e o mal conseguissem se equilibrar, em
proporções aceitáveis para a vida na Terra.
Esse esforço está esvaindo
as forças dos cidadãos de bem do nosso planeta, fazendo com que não tenham
energia para o trabalho e a nossa produção ficou descompensada. Com isso a
energia do mal alastrando-se com velocidade, chegando mesmo a comprometer as
condições de vida em Arret. O mesmo que ocorre na Terra. Isso não podemos
deixar acontecer. Por isso temos essa missão de sobrevivência. Estudamos e
concluímos que a capacidade máxima que Arret pode absorver de energia é de 30
por cento de energia negativa e não 70 como recebe atualmente. Caso contrário,
Terra e Arret se implodirão simultaneamente em breve.
Caio surpreendido com tantas
informações, preocupado perguntou:
—Que vocês querem de mim?
Agarb olhou firme nos olhos
dele e disse:
—Você será treinado em Arret
em tudo que for necessário para sua
missão, terá superpoderes e ganhará a imortalidade. Sua missão é colocar o mal
nos 30 porcento. Entendeu?
—Mas como, porque eu, gritou
Caio?
—Foi você quem nos procurou
em busca do desconhecido, portanto aí está uma aventura para lá de empolgante,
retrucou Agarb.
—Você não estará só, já
existem na Terra vários companheiros ajudando nessa difícil missão, durante o
treinamento conhecerá todos os detalhes, continuou o comandante.
Assim Caio chegou em Arret.
Era semelhante a Terra! Parecia estar em casa.
Consciente da missão
universal a que foi designado, participou ativamente do treinamento e se tornou
capacitado para voltar a Terra.
Já com superpoderes,
resolveu conhecer Arret. Começou a sobrevoar e percebeu que era mesmo igual a
Terra, povos, arquitetura, países até que, curioso buscou o endereço que morava
com a esposa na Terra.
O mesmo bairro, a mesma rua
e mesma casa. Desesperou-se!
Aterrissou no quintal, na
condição de invisível, entrou. Lá estava ela, linda com seu vestido florido
movimentando-se pela cozinha. Entretanto não tinha o mesmo brilho nos olhos,
estavam tristes. Foi para sala e encontrou ele mesmo de pijamas com um ar
abatido cochilando na poltrona predileta, deveria estar desempregado e sem
energia como dissera Agarb.
Caio vendo aquela cena,
emocionado, percebeu ainda mais a importância da sua missão.
Encorajado pela cena, não
perdeu mais tempo, decolou dali mesmo rumo a Terra.
Sazan! Cruzou o espaço como
um meteoro.
Com o codinome de Namrepus, combateu bravamente por muitos e muitos anos. A
cada batalha vencida, logo o mal se erguia, parecia ser uma luta em vão, dada
as características inexplicáveis dos terráqueos.
O esforço não foi o
suficiente, a Terra e Arret implodiram como previram os Etes. Extermínio de
todos, menos Caio e seus colegas super-heróis que tinham imortalidade.
Assim, iniciaram do zero uma
nova civilização do bem, em um novo planeta, onde o povo tornou-se alegre e
feliz.
Esse
planeta por emanar somente energia positiva, serviu de exemplo para todo o
Universo, ficando conhecido por todos os povos como o Paraiso.