OURO DOS TOLOS
Antonia
Marchesin Gonçalves
Na pequena cidade de Pirajuí, no
interior de São Paulo, todos se conhecem e tudo se sabe dos seus moradores, o
que começa com boato logo se transforma em história verdadeira, foi o caso de
Adalberto.
Ele
chegou à cidade com uma bela camionete blindada, cabine dupla vermelha,
impossível não chamar atenção. Instalou-se no melhor hotel, pediu informações
ao gerente sobre casas à venda, disse que estava à procura de uma grande e bela
residência na cidade em função de ter descoberto uma mina de ouro na fazenda de
sua propriedade na periferia da cidade.
Vestia-se bem, corrente de ouro
no pescoço, vistosos anéis nos dedos, todo dia mudava dando a impressão de que
tinha grande variedade de joias. Impressionados, corretores logo o assediaram,
o prefeito fez questão de se apresentar e colocar-se a disposição em ajudar no
que precisasse na cidade, e assim corria tudo como planejara. Com paciência
após dois meses na cidade espalhou o boato de que precisava vender partes da
mina e da fazenda, pois seus negócios no exterior precisavam de sua presença.
Propôs ao prefeito vender quotas
da mina assim poderia viajar logo. Antes já havia armado no local o circo de
ilusões, ou seja, no morro fez um grande buraco e todos viam caminhões e
tratores trabalhando no local, desta maneira passava como verdadeira a história
da mina, inclusive ele tinha a máquina que junto ao rio da propriedade fazia a
lavagem da terra recolhida, restando só o ouro e dois garimpeiros que o
ajudavam, chegava a mostrar pepitas em boa quantidade.
Com isso conseguiu vender todas
as cotas da terra e foi embora dizendo que voltaria para comprar a sua casa
para a sua velhice. Todos que haviam comprado, inclusive o prefeito, foram no
dia seguinte ao local, para surpresa de todos o canteiro de obras havia desaparecido
e ao entrarem na mina encontraram pequenas pilhas pintadas na parede de ouro
dos tolos, com o cartaz: “A vida é feita de espertos e trouxas, vocês fazem
parte da segunda turma. ”
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