NEM A PAU
Oswaldo
U. Lopes
Era alta, magra, eficiente, trabalhadora
incansável, enfermeira de alto padrão, chegada mais aos doentes do que a fazer
escalas.
Porque ganhara o apelido de
pau-de-vira-tripa não era mistério, longilínea num país onde o padrão é ser
mais baixo, o apelido a acompanhava fazia tempo.
Mas, tinha outras alcunhas também:
pau-para-toda-obra, onde houvesse necessidade, onde precisassem de uma pessoa
decidida iam encontrá-la na certa.
Podia ser que você não fosse muito
chegado a pegar no batente, nesse caso, não importava quão graúdo era seu cargo
você ia ver com quantos-paus-se-fazia-uma-canoa.
Ficou na história a briga que ela teve
com a Clarisse Ferrarini que era a Enfermeira Chefe do HC. A Clarisse não
tardou a saber quantos paus eram suficientes para fazer a tal canoa.
Apesar do fatal duplo sentido dizia-se
dela que matava a cobra e mostrava o pau. Os mais simples nem pensavam em duplo
sentido, pensavam é que ela era corajosa, dizia que fazia e fazia mesmo.
Já esfregara muito óleo de peroba em
tipos que tinham cara-de-pau. Na maior parte das vezes resolvia, nem precisava
lixar antes.
Uma vez saíra com uma que ficou na
história. Estava dando uma bela bronca numa auxiliar de enfermagem que não
fizera as anotações necessárias, quando uma colega começou a tirar sarro da
coitada que levava bronca. Foi aí que o pau-de-vira-tripa emendou:
Pau-que-dá-em-Chico-dá-em-Francisco.
E mais não conto, era e continua
respeitada porque magreza não é desdouro. Quem trabalha duro dá-se ao respeito
sem precisar de mais nada. Tinha o carinho dos que a rodeavam, os outros
ficavam com medo que ela chutasse o pau-da-barraca.
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