Sobreviventes
Angela
Barros
Costumo dizer a parentes e amigos que
somos sobreviventes nessa cidade ensandecida onde moramos, chamada São Paulo. O
porquê dessa afirmação tão pessimista? Vamos tentar juntos chegar a essa
conclusão?
Primeiro, você não tem a sensação de que
todas as noites, quando repousa sua cabeça no travesseiro para dormir, sente um
baita alívio? Depois, vem aquela necessidade de agradecer por ter encontrado
sua família reunida e sobrevivido a mais um dia?
Segundo, você concorda comigo que é cada
vez maior o número de famílias que se veem obrigadas a sair de suas casas para
morarem em condomínios de apartamentos? Verdadeiras fortalezas, cercadas por
imensos portões com clausura, muros cada vez mais altos, seguranças por todos
os lados e controles remotos com botões de pânico. Nossos lares não estão cada
vez mais parecidos com presídios de segurança máxima?
Terceiro, lembrem, não faz tanto tempo
assim, nossas crianças brincavam livremente em frente às nossas casas. As mães
passeavam com seus bebês nas calçadas para o banho de sol matinal. Hoje, elas
estão sendo criadas em redomas de vidro. É na fortaleza que nossos filhos e
netos fazem aulas de natação, ballet e karatê e outras atividades.
Em relação a moradia ainda temos a opção
de nos protegermos com grades e muros mas, e quando saímos às ruas?
Medo, é esse sentimento que nós
sentimos. Depois de passar pelo drama de ter uma arma ao lado do rosto, quando
dentro do carro estacionado esperava meu filho na saída da escola. Entrei em pânico,
acelerei o carro, saí em disparada, fugi sem pensar nas consequências. Poderia
ter sido alvejada por uma bala na cabeça. Por conta disso, desde esse fatídico
dia eu como muitos outros pais que conheço não saem das suas prisões sem os
carros blindados.
Enquanto isso, meus caros leitores,
nossos representantes que elegemos baseados nos seus discursos de daqui para
frente tudo será diferente, tem um só objetivo, roubar, corromper e pensar nos
conchavos necessários para o próximo cargo.
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