Receita de família
(Bacalá
em bianco) bacalhau branco cremoso
Antonia
Marchesin Gonçalves
Lembro
como se fosse hoje. Minha mãe na cozinha na Sexta-feira Santa, como todos os
anos, com o bacalhau já cozido e retirado todos os espinhos e pele, ela o
desfiava todo e colocava numa travessa funda. Pegava uma cabeça de alho e
descascando os dentes de alho os amassava bem e misturava no bacalhau.
Aí
iniciava-se outro ritual, convocava o meu pai para que a ajudasse no que seria
a parte mais trabalhosa. Ele sentava na cadeira ao pé da mesa com a travessa no
colo, um garfo e a lata de azeite do lado.
Em
manga de camisa munido do garfo (não podia usar batedeira ou liquidificador) ele
batia o bacalhau em sentido rotatório, e ela ia alternando o fio de azeite. Ele
batia, ela coloca o azeite. Durava mais de uma hora, até que se tornava uma
pasta cremosa. Ele reclamava e dizia, já a com a maçã do rosto vermelha, que já
estaria pronto, mas enquanto não achasse que era o ponto não deixava que ele parasse.
E, finalizava com salsinha picada.
E assim crescemos aprendendo a degustar um
manjar tradicional de Veneza, minha terra natal, acompanhado de polenta
branca frita em fatias retangulares. E até hoje filhos e irmãos me pedem
para fazer, pois dizem que o meu é igual da minha mãe, mas para isso tenho também
a ajuda do meu marido, que aprendeu a fazer e apreciar com bom vinho como manda
a tradição.
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