Futebol. Quantas lembranças boas. - Fernando Braga



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Futebol. Quantas lembranças boas.
Fernando Braga

       Se eu pudesse voltar no tempo...  Ah! Se eu pudesse.

       Mas, espera aí! Eu posso sim. Vem-me agora, neste preciso momento, à memória, duas preciosas ocasiões dentre inumeráveis outras, relacionadas com este maravilhoso esporte, realmente o meu preferido.

        Cerca de 52 anos atrás, mais precisamente em junho de 1966, estava eu no final de meu estágio em Edinburgh na Escócia, poucos dias antes do início do campeonato mundial deste esporte, na Inglaterra.

        Fora programado dias antes do início, um jogo amistoso entre a seleção brasileira e a escocesa, no Goodison Park em Glasgow. Junto com meu irmão mais novo, que estava passando oito meses comigo, em meu Volkswagen 1959, com uma bandeirinha do Brasil no vidro traseiro, fomos cedo para conhecer aquela cidade e assistirmos esta peleja no período da tarde. Após chegarmos fizemos uma pequena parada em uma mercearia para um cafezinho e junto ao balcão, a nosso lado, estava um rapaz simpático, comunicativo, que percebeu que éramos brasileiros e que lá estávamos para assistir o programado jogo. Logo fizemos amizade e ele nos convidou para irmos até sua casa para conhecermos sua “little taft mother”. Como tínhamos tempo aceitamos e os três, entramos no carro. Nos propôs darmos uma volta antes, até o centro da cidade para conhecê-la melhor e vermos as vitrines Caminhamos pela movimentada rua entrando em várias lojas, e sem que percebêssemos, ele falava com o gerente ou com o dono e dizia que nós dois éramos jogadores da seleção brasileira, eu o “Garrincha” e ele o “Paul Enric”.  Conseguiu em cada loja, presentes como camisetas, carteiras, tênis e uma malha de cachemir preta, que guardo até hoje, totalmente gasta, mas são 52 anos! Desde o início achei gozado e topamos a brincadeira.  Afinal, ninguém nos conhecia e eu acabei me tornado o Garrincha, o mais famoso após o Pelé. Uma pequena multidão se juntou em torno. Não virei o Pelé porque ele era por demais conhecido, em qualquer lugar do mundo.

        Almoçamos em sua casa pois sua simpática mãe fez questão de nos preparar um saboroso almoço, se é que na Escócia tem comida saborosa!

       Assistimos juntos o jogo da seleção brasileira, naquela fase constituída pelo Gilmar ou Manga, Fidélis, Brito, Djalma Santos, Orlando, Bellini, Altair, Paulo Henrique, Rildo, Denílson, Lima, Jairzinho, Pelé, Paraná, Garrincha, Tostão e outros. Este jogo foi 1 a 1.   Deu para sentir que o time do Brasil não estava bem preparado.  O técnico foi o Vicente Feola.

       Caso o Brasil chegasse às quartas de finais, estávamos preparados para irmos a Londres, mas perdeu por 3x1 da Hungria e de Portugal, pelo mesmo placar, sendo eliminado logo na primeira fase. Neste jogo com Portugal caçaram o Pelé, que acabou sofrendo lesão grave, não podendo mais participar das competições.

       Eusébio, o moçambicano naturalizado, foi o artilheiro da competição, tornou-se famoso e deu à Portugal o terceiro lugar. No final, a Inglaterra, com ajuda do juiz, foi a campeã, contra a Alemanha.

       Não assisti ao jogo, mas no dia da final, estávamos em Londres e à noite sentados em um bar em uma das principais avenidas, a Bayswater Road, ocasionalmente víamos passar um carro com alguém gritando England! England!

        Que comemoração mais sem graça, pobre! E em um país que inventou o futebol!

       Que diferença da loucura, em todas as cidades brasileiras, nos cinco campeonatos que levaram o Brasil ao Penta.

       Posteriormente vou relatar outro fato que acho interessante, ligado ao mundial da FIFA, em 2002.


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