UM LONGO FIM DE
SEMANA EM PARATY.
Oswaldo Romano
Fomos
na sexta, a
distancia é de trezentos quilômetros. Saímos às dez horas. Esse percurso era
vencido em três horas e quarenta minutos. Gosto de sair com o tanque de combustível,
que é diesel, cheio. Preocupação de quem já buscou óleo no grito. Na estrada
nem todos os postos oferecem o diesel automotivo.
Não
previ, mas na sexta, perdi uma hora só na marginal congestionada. Finalmente
alcançando a Rodovia Ayrton Senna, deu aquele alivio. Alivio frustrado! Radares
de postes, de piso, laterais e ainda de patrulheiros escondidos com seus
canhões, atrás das pilastras. Numa delas
quando eu passava, ele apareceu apontando aquele trabuco. Até me encolhi no
volante, pensei: ai vem bala! Bem... Meu carro é blindado, mas se aquele
bacamarte tiver cartucho grande... sei lá o que poderia acontecer.
Descíamos
a serra Taubaté/Ubatuba. Agora a coisa vai andar. De novo? Não acredito! Dois Volks pé de boi da mesma família desciam com o maior cuidado. Quando eu tentei
a ultrapassagem, minha mulher gritou: Cuidado! Era outro carro que apontava. Já
estava emparelhado com o Volks. Olhei o carrinho do lado, na janela um guri,
não tinha dez anos, me fazia caretas. Entramos no nevoeiro, lá se foram mais
quinze minutos.
Fim
da serra.
A
um quilometro tem um posto da polícia rodoviária. Um militar estava cercando de
plantão. Na minha frente estavam, um caminhão bem velho, e os dois Volks, pneus
quem sabe lá que estado. Passaram pelo guarda. O caminhão, um Volks depois o
outro. Eu não! Mandou que encostasse!
Com
o espirito espinhado não deixei de falar, admirado. Passaram três carros velhos
o senhor fez que não viu. Parou justo eu, um velho, com um Ranger Rover novo?
Antes que respondesse e eu perguntasse: Qual é a sua, e ouvir a resposta, me
aprecei, apresentando os documentos. Em seguida fez hora. Foi ver a chapa, examinou
os documentos, rodou, percebi que pensava um rebate, mas mandou que eu
seguisse. Ai, extrapolei. Agradeci perguntando: O senhor olhou os pneus? Não
perdi tempo, sai rápido, com receio, claro.
Na
casa da praia fiquei três dias esfriando a cabeça, navegando, pedalando,
comendo e bebendo. Voltei um dia antes, sozinho, pois tinha importante reunião.
Na Dutra parei no Frango Assado para tomar um
café. Na saída, abrindo o carro, surpresa! Fui sequestrado. Nesse momento não
adianta o carro estar blindado. Colou em mim, mandou que dirigisse, rumo São
Paulo. Quis olhar seu rosto, foi dizendo: Acha que sou otário, não vê que a
pele é mascara. Já ameaçava. Iria me deixar no cativeiro com seus comparsas.
Falava: Sua família colaborando, somos do bem. Mas, não podemos levar a fama de
fracassados, sem proveito. Na pior ganhamos notícias na TV com sua
morte. Você não vai sofrer. Quando distraído, um tiro na nuca, pronto. Ai
é só desovar.
Quando
ia falar que eles não escapariam...
—
Cale a boca. Não fale nada.
O
revolver apontado para mim estava em sua mão que descansava em seu colo, à
minha esquerda. O medo, sua frieza, alteraram meu pensamento. Fiquei adoidado, fui
aumentando com cuidado a velocidade.
No
momento oportuno acelerei, era uma curva, o carro derrapou. Era o que eu
queria. Brequei, pneus cantaram, cruzou a pista para a esquerda, bateu no
barranco, e capotou.
Deus
estava comigo. Olhei para meu algoz estava machucado, desmaiado ao meu lado.
Tratei de livrar-me do cinto e escapar. Finalmente me vi livre daquele inferno.
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