ENCONTRO
NO SHOPPING
Luiz Guilherme M. S. da
Cruz
Aquele lugar para Anselmo era completamente desconhecido, motivo maior que
o levou a escolher para o encontro. A sua intenção era passar completamente despercebido. Ao vasculhar
com os olhos aquela praça de alimentação, logo percebeu que os fornecedores dos chamados popularmente
“fast food”, são os mesmos na quase totalidade dos shoppings.
À mesa retirou o paletó,
deixando a amostra uma camisa amarela
canário de seda, que realçava ainda mais o amarelo. Seus olhos deixavam
transparecer certa ansiedade e pulavam de uma entrada a outra, pois finalmente iria conhecer LUA DE PRATA, que viria
vestida com uma saia toda vermelha.
- Por que que você não
coloca a sua foto no perfil de relacionamento? Perguntou muitas vezes.
- Sou muito tímida e tenho
receio de que você ao me ver não me dê oportunidade de conhecê-lo pessoalmente.
Eu farei sua vontade se você também colocar a sua. Nesse momento, ele se fazia
de desentendido e mudava de assunto. Sabia a verdadeira razão de não
querer colocar sua foto no perfil de
relacionamento. Era casado e tinha receio de que pudesse ser descoberto. Assim,
até marcarem aquele encontro, foram se conhecendo apenas pelo que escreviam.
Carmelita desceu do táxi em frente àquele shopping da zona norte, bem longe de onde
morava. Entrou e foi logo em busca de
uma loja de vestuário feminino. Desejava
comprar uma saia toda vermelha. e com ela vestida saiu do provador. Já dentro do elevador, percebeu que havia
quase uma dezena de pessoas e para seu alívio nenhuma de camisa amarela. Certa
angústia começou a tomar conta dela. Procurava a razão, e passou pelos seus
pensamentos em um segundo, a ideia de
desistir daquela empreitada. Mas, resistindo, decide ir em frente, mesmo
sentindo certa aceleração em seus batimentos cardíacos, que vão aumentando a
medida que o sinaleiro que indicava os andares ia se movimentando.
Caminhou com passos
titubeantes para o local indicado, sabendo que Evandro, o homem do site com
quem marcara um encontro, estaria a sua espera
vestindo uma camisa amarela.
No entanto, chegando à porta,
avista Anselmo, sentado à mesa próxima da entrada. Imediatamente pensando não ter sido vista,
volta-se procurando o hall dos elevadores. Nem bem começa a andar para onde
estão os elevadores, sente que alguém lhe agarra os braços e uma voz conhecida
lhe diz:
- O que faz aqui Carmelita?
Com voz trêmula e meio abafada e responde:
- Vim encontrar a Clarice, amiga de colégio
que reencontrei pela internet e marcarmos um encontro aqui. E você? - Indaga já
com voz mais firme.
- Por que aqui? Replica
Anselmo, querendo fugir da pergunta que lhe fora feita
- Clarice, mora aqui na
zona norte, e achamos por bem marcarmos o encontro aqui. E você o que faz por aqui?
- Bem eu vim me encontrar
com um cliente, foi dele a escolha deste lugar Estranho nunca a vi com esta
saia vermelha.
- Bem! Como cheguei, antes
do horário previsto, entrei em algumas
lojas e acabei gostando desta saia e comprei.
A que horas você marcou com o seu cliente?
- As 16hs, responde
Anselmo
- Engraçado, eu também
marquei nesse mesmo horário. Que horas são?
- Já são 16,20
- Para que lado ficam os
sanitários femininos? Querendo mudar o
foco das perguntas de Anselmo.
- Não sei, é a primeira
vez que venho aqui, mas repare, naquela placa tem indicação.
Carmelita, chegando, ao sanitário, imediatamente retirou a saia vermelha e vestiu
a saia com que havia chegado.
“Espero que o Evandro não tenha me visto. O único homem com camisa
amarela que estava lá era o meu marido.
Puxa que enorme coincidência o Anselmo
vir encontrar o seu cliente vestindo a camisa
amarela”.
Mais calma, por ter
trocado de saia, sorriu para espelho e
pensou: “Não poderei mais ser reconhecida”.
Tranquila voltou ao local onde havia combinado com o marido. Passado
alguns minutos, Anselmo chegou com o
paletó todo fechado escondendo grande parte da camisa amarela.
-Que horas são?
-Já são 16.30 responde
Anselmo. - Vamos indo Carmelita, meu
carro esta no 3º piso das garagens. - Diz meio aflito, e louco para sair daquele local tão perto da
praça de alimentação.
Juntos aguardavam o
elevador. Foi quando Anselmo levou um choque ao ver a porta do elevador se
abrir, e sair uma mulher de saia
vermelha. Era uma mulher de porte elegante, com um par de olhos verdes
estonteantes que completava um lindo rosto. Pego de surpresa, a seguiu com os
olhos, constatando que ela seguiu em direção
da praça de alimentação.
Estático e sem saber o que
fazer, ouviu a voz de sua mulher chamando-o para o elevador.
- O que foi Anselmo,
parece que você viu assombração?
No trajeto e até chegar em casa
Anselmo não disse uma só palavra, pois ainda estava tomado pela visão
daquela bela mulher que acreditava ser Lua de Prata.
Carmelita por sua vez, mal
entrou em casa e já foi para o seu nootbook. Entrou no site de relacionamento e
enviou rapidamente uma mensagem para Evandro.
Anselmo no outro dia,
chegando ao escritório, correu para o computador, abriu o site de
relacionamento encontrou a mensagem de
Lua de Prata:
- Cafajeste! Me deixou
esperando até as 16,30. Não vou mais me relacionar neste site. Adeus! Lua de Prata
Angustiado ainda tentou acionar o perfil de Lua de Prata e recebeu a mensagem de que não
estava mais disponível. Pensando que a mulher que viu no elevador com vestido
vermelho era sua correspondente resolveu também retirar-se do site.
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