AEROPORTO IMPROVISADO - M. Luiza de C.Malina


AEROPORTO IMPROVISADO
M. Luiza de C.Malina

Era o décimo avião a aterrissar naquela manhã. Provavelmente um recorde para uma cidade que não tem aeroporto”.

A curiosidade levou André a esconder-se em meio à rasa vegetação que ladeia a “Ruta 9”, trecho em que a estrada zebrada, torna-se mais larga e o asfalto apropriado para a descida de aviões.  Interceptou um contato no rádio amador de um movimento aéreo um tanto fora do comum, na noite de lua vazia.

Entre os preparativos para o bloqueio da estrada na madrugada, período em que poucos veículos por lá circulavam durante a semana, notou entre os oficiais da aeronáutica, devidamente uniformizados a presença de seu primo, que nada tinha a ver com a profissão, era um mero comerciante, no entanto segurava uma metralhadora rodeando em torno de si mesmo. Aquilo aguçou a curiosidade.

Devido a indumentária, silêncio, posicionamentos cuidadosos;  certificou-se de que coisa boa não era. Pensou em drogas, mas o primo estaria nisso! Duvidava.
Não havia nenhum carro próximo, melhor assim. O primeiro, a aterrissagem foi suave. Rapidamente homens brotaram em meio ao mato, do outro lado da pista. Encolhi já me imaginando estar em lugar errado na hora errada. Meu anjo estava de plantão. Meu espanto continuaria e eu não poderia nunca mais sair dali, estremeci.

As caixas, rapidamente posicionadas do mesmo lado escolhido, uma luz projetada aleatoriamente, por uma lanterna manual que, por vezes passava de raspão pelo meu corpo acocorado.

Alguém comentou – o peso das pedras preciosas é igual em todas as caixas, não adianta falar que alguma se rompeu – é balela.

Pensei que fosse um avião, que nada... Tudo controlado pelo rádio, aterrissagem cega e perfeita. Era o décimo avião quando fui obrigado a parar de contar. 

Repentinamente, um cavalo surgiu dos pampas noturnos. Era meu tio. O animal me denunciou com um relincho, empinando-se como se eu fosse uma cobra.

- Aqui... Aqui!... Coloque o farolete aqui!

 Estava com o rabo entre as pernas. Foi assim que me tornei sócio do mais precioso dos negócios – contrabando de brilhantes. Em pouco tempo tornei-me dono de uma das mais belas fazendas de gado dos pampas.



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