FLORES
NÃO MORREM
M.Luiza de C.Malina
“Quando Beth disse
sim na cerimônia do seu casamento, ela teve certeza que de aquele tinha sido o
melhor momento da sua vida. Porém, o pior momento da sua vida veio logo na sequência.”
Uma gargalhada ecoou
na nave. O religioso, belas palavras proferidas ao microfone foram entrecortadas
de mais gargalhadas, fixou o olhar sério. Desligou o microfone. Fez-se
silêncio.
- Elizabeth! Repetia
o sacerdote, e nada a fazia conter o riso, que em poucos segundos transformaria
a bela aparência em um rosto manchado de maquiagem, pelas lágrimas que escorreriam.
Estava fora de controle. Quanto mais a chamavam, mais intensas eram as risadas.
A expressão patética do reverendo procurando manter o controle a tirava do
sério. A silhueta esbelta contornada pelo longo véu se contorcia, abaixando e
levantando a cabeça.
O noivo, o mais
cobiçado das convidadas que cochicham entre si, sem nada a entender solícito
apalpava o lenço no entorno dos olhos olhando-a com ternura. Toma-lhe as mãos
selando um beijo. Mais gargalhadas da noiva. Os convidados contagiados
começaram a rir e a bater palmas. Virou uma festa. Ainda faltava o sim do
noivo.
O religioso pediu ao
casal que olhassem para os convidados, o quão alegres também estavam com a
união e que agradecessem a presença. Nada adiantou, Beth apoiada no braço do
noivo ria e abanava aos convidados. Talvez tivesse bebido algo, afinal tivera o
“dia da noiva”.
Voltaram a posição
inicial. Com um longo suspiro, que todos pensaram que fosse o final dos risos.
Que nada, reiniciou. O noivo gesticula para o reverendo para que ele se acalme.
Outro silêncio.
Preciso me
concentrar, preciso pensar em algo sério, em algo triste, na verdade preciso
parar de rir, que nervos... Faço a mesma coisa que minha mãe quando fica
nervosa... Já sei, já sei, já sei...as flores, as flores... Não havia reparado
no perfume... Me ajudem, por favor... “era a primeira vez que eu via flores que
não morriam nunca. Flores maiores que árvores.”
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