DEPOIS DA MISSA
Oswaldo Romano
Que bom! Acabou a missa. Já estava na hora, o Padre fez o
sermão muito longo. Me segurei para não dormir. Vou pelo corredor central. Fora
está muito claro. Meus óculos escuros, achei. Oh domingo quente. Sinto o ar pesado,
o céu está limpo, mas não gosto deste vento enrolado. Lá se vão meus cabelos. Senti
o chão tremer. Estranho! A rua está sem trânsito. As pessoas estão apressadas. Santo
Deus do céu! Que susto! Que estrondo! Opa, Raio? Um raio não é. É terremoto! Terremoto! Terremoto! Pior ainda. Fico aqui, estou na Igreja, que os
santos me protejam. Que é isso gente? Aqueles prédios... parece balançarem! Vão
cair, estão caindo, afundando. Mãe do céu! O sol está sumindo. Poeira rosa! E
eu aqui. Uma estátua. Devia saber o que fazer neste caso. Rezar, rezar para Santo André. Deus me livre,
isso me faz lembrar o San Andreas. Nossa! Será que tem haver? Não, nem pensar,
não. A coisa aqui está feia, mas não tem nada com o San Andreas. Teriam
previsto. Gente ferida, mulheres, crianças... Olha aquela senhora com a criança
saindo dos escombros! Que barulho! Gritos de socorro, que inferno! E eu aqui,
inútil, o que devo fazer? Vou ajudá-la, trago eles aqui para a Igreja.
Isso mesmo! Depois me arrisco, vou pular valetas, vou p’ra casa. Burra, burra,
burra mais uma vez! Fiquei dopada,
incrédula, perdi o chão. Minha obrigação era correr rápido para casa. Agora, sei
lá como vou encontrar minha gente. Sou mesmo uma imbecil, o celular, o celular
gente! Achei. É, mas e o sinal! Não tem sinal...
Nenhum comentário:
Postar um comentário