ASSASSINATO EM FAMILIA!
Carlos Cedano
O inspetor- chefe Rafael Fernandes,
chegou ao local do crime e foi logo perguntando aos policias:
— Alguém entrou na casa?
— Ninguém inspetor Rafa, nem nós nem
a diarista que viu a vítima desde a porta, e chamou a vizinha da frente.
Chegamos cinco minutos atrás e ligamos imediatamente para sua delegacia.
— Certo, respondeu o inspetor. Minha
equipe de peritos deve estar chegando e vou aproveitar para conversar com a
doméstica e a vizinha. Mas, antes disso, ligou para o médico legista
e também para sua delegacia pedindo envio de dois agentes de campo.
Sua equipe básica era
composta de três peritos: Martha especialista em impressões digitais, Rubens
fotógrafo e encarregado de filmar a cena do crime; Bento, assistente para
registro e análise de documentos. O próprio inspetor, além de orientar a
demarcação da cena do crime, faria a coordenação e orientação dos trabalhos.
Enquanto a equipe se preparava para
adentrar na casa, o inspetor percorreu a parte externa do imóvel. .
Era uma residência térrea com uma edícula no fundo do jardim. A rigor, a cena
do crime deverá coincidir com todo o perímetro do terreno! Concluiu o inspetor.
Chamou os agentes de campo.
— Precisamos o maior número de provas
para solucionar o caso. Isolem o terreno e façam uma busca minuciosa, “centímetro
a centímetro” – ordenou.
. O primeiro a entrar foi o legista que
delimitou o núcleo do crime. E uma hora após revisar o cadáver
disse:
— A causa da morte foi um traumatismo craniano na parte posterior. Foi um golpe
muito violento e com um objeto muito pesado. A morte foi quase instantânea.
Delimitei a área do núcleo do crime considerando o espalhamento do sangue. Não
achei qualquer outra causa aparente, mas a autopsia poderá nos trazer outras
informações.
— As fotos e
filmagem do corpo já foram realizadas? - Quis saber o inspetor.
— Sim, e foram bastante minuciosas. Já podemos solicitar ao laboratório a
retirada do corpo para análise forense. Ah! Outra coisa inspetor Fernandes, o
assassinato deve ter acontecido há uns três a quatro dias atrás, a decomposição
está avançada e o cheiro bastante forte!
O cadáver estava caído em
decúbito ventral não mais de dois metros da porta de entrada e a cabeça
orientada para lado oposto da porta. Parece que a vítima conhecia o criminoso!
Você não daria as costas para um desconhecido! Foi opinião da maioria dos
membros da equipe.
— É um bom ponto de partida. Além de
conhecido, também podemos supor que se trata de um homem com grande
força! Vejam que a vítima também é grande e com físico avantajado -
alimentou o inspetor Rafa.
Durante os dois dias seguintes a
equipe toda trabalhou sem descanso e com afinco levantando e classificando o
material de prova. Dias depois, Bento concluiu que o assassino
procurava documentos em gavetas, que o computador estava sem o disco rígido,
tentaram abrir o cofre à marretadas, e que o assassino teria se alimentado na
cozinha e deixado restos por todos os lados, o que significava que ele
permaneceu no imóvel por mais de dois dias.
O inspetor chefe disse a seus
colaboradores: Agora o ponto chave é abrir o cofre e examinar seu conteúdo. Já
solicitei autorização ao promotor para arromba-lo aqui mesmo e na sua presença.
Nesse momento entra a perita Martha
trazendo um cachimbo dentro de um saco plástico e disse:
—Isso aqui estava na sujeira da
cozinha. Examinando os restos de comida na lixeira nos deparamos com este
cachimbo de craque. Deve ser do assassino!
— Muito bem Martha, envie para o
laboratório para ver se conseguem extrair o DNA e as impressões digitais, pediu
Rafael.
A equipe que abriria o cofre chegou
no dia seguinte e após dois de trabalho árduo encontraram um
“tesouro”. Acharam um livro com anotações dos empréstimos realizados com nome
das pessoas, recibos e cheques assinados pelos tomadores. Além disso, acharam
uma imensa quantidade de dinheiro em reais, dólares e os euros.
O passo seguinte foi entender as
anotações do livro e o significado de algumas frases codificadas. Esta tarefa
levaria uma semana pelo menos e exigiria o melhor do talento dos peritos.
Revisando suas anotações e outros
documentos elaborados pela equipe, o inspetor Rafa percebeu que a vizinha da
frente tinha feito referencia a um sobrinho da vítima de nome Roberto. O
inspetor atravessou a rua e tocou a campainha, atendeu uma senhora de media
idade que perguntou: Pois não?
— Bom dia senhora Ruth - cumprimentou o inspetor.
— Senhorita! - Retrucou dona Ruth - que posso fazer pelo senhor?
— Desculpe senhorita! Posso pedir para relembrar a descrição que fez do
senhor Roberto, sobrinho da vítima, a nosso funcionário do. Estamos
checando todas nossas informações. A nova descrição coincidia com aquela dada
anteriormente por ela.
Quando o inspetor estava de saída
dona Ruth fez o seguinte comentário: O sobrinho e o tio eram muito parecidos,
na altura, na cor dos cabelos, na forma de rosto, até os olhos dos dois eram
esverdeados.
— Essa nova informação, senhorita
Ruth, é extremamente valiosa. Muito obrigado!
O Rafael também foi falar com a
diarista e pediu-lhe pra repetir seu relato anterior. Não agregou nada ao já
conhecido.
Com os resultados do exame de DNA
obtido do cachimbo de crack e análise das impressões digitais encontradas na
casa, o sobrinho foi colocado definitivamente na cena do crime.
A análise dos documentos encontrados no
cofre forte também identificou o sobrinho da vítima como sendo Roberto G.
Valdés, e devedor de Tarcísio F. Valdés. O documento era preciso em citar
esse Roberto como sendo o sobrinho na decodificação das anotações feitas nas
margens dos documentos. O motivo estava estabelecido.
No dia seguinte o inspetor Rafa e o
Promotor Público entraram em contato com a Polícia Federal de São Paulo para
solicitar informações criminais da vítima e do sobrinho.
A folha corrida de ambos era
extensa e cabeluda. O tio, Tarcísio, tinha sido estelionatário no início de sua
vida criminal e ultimamente agiota. O sobrinho, além de viciado em todos os
tipos de drogas, era arrombador de domicílios e traficante. Devia dinheiro a
muitos e estava ameaçado de morte. A Polícia Federal buscaria ao tal de Roberto
G. Valdés e o entregaria a Polícia de Investigações de São Paulo.
Uma semana depois o sobrinho, agora
réu, estava sentado
diante do inspetor-chefe Rafael Fernandes. O interrogatório encontrou
resistências iniciais, mas, ante a quantidade de provas, aos
poucos foi cedendo e chorando. Houve uma coincidência inesperada durante o
interrogatório: Martha pediu licença ao inspetor e sussurrou ao seu
ouvido.
— Faça-a entrar! Respondeu o
inspetor.
Era uma moça morena carregando um
pacote aparentemente pesado e disse:
— Bom dia senhor inspetor, vim
devolver a esse safado este objeto que me pediu para guardar, não quero me
comprometer com suas besteiras.
Abriram o pacote e lá estava uma
impressionante marreta, sem dúvida a arma do crime! Ao vê-la o criminoso
desabou e logo confessou sua culpa jurando arrependimento, que não tinha sido
sua intenção e etc. etc.
Nenhum comentário:
Postar um comentário