Um milagre para Eva
Fernanda Torres
Nos
últimos tempos a história dos Lopes fervilhava entre os vizinhos. Todos
acompanhavam o dilema e, consequentemente, a aflição que abateu esta tão
querida família.
É
que Evinha, filha caçula do casal, criança esperta e brincalhona, acordou
manhosa com febre altíssima. O médico do posto de saúde, porém, ao analisar os
exames nada constatou.
O
medo começou a tomar contar dos pais da menina. A fé em Deus dava-lhes força! Amigos
e vizinhos aconselhavam algum tratamento
caseiro. O temor já os abatia. Apesar de a menina permanecer em tratamento, sua
doença ainda era uma incógnita. A pequena Eva minguava. As forças dos pais
cresciam e se misturavam a rezas e promessas. Algo lhes dizia que deveriam
seguir para São Paulo, lugar de muito recurso cientifico. Talvez fosse um sinal divino que lhes
impulsionava para a salvação.
Depois
de tanto tempo acamada e febril, a filha querida estava muito magrinha e
debilitada. Os olhinhos claros lacrimejavam, e boquinha ressequida já não
sorria.
Enquanto
os pais sofriam pela filha no quarto do famoso hospital, os laboratoristas
investigavam seu sangue e sua urina em busca de respostas. Eva contraíra um
vírus bastante resistente, através picada de um mosquito.
Um
ar de alívio se assentou sobre o peito cansado do jovem pai, enquanto Mônica
implorava à equipe médica que se iniciasse imediatamente o tratamento contra tão definhadora doença.
De
repente era dia de novo, e os pequenos olhos azuis de Eva já se abriam como sol
que brilhava através da janela, agora escancarada. Os pequenos lábios, antes
quebradiços e quietos, agora já demonstravam alegria através de um riso
pacificador.
André
e Mônica já sorriam. As rezas, agora nem tão assíduas, eram de agradecimento. Cessaram as súplicas.
Os
dias passaram correndo, e Eva já teve alta. Podiam finalmente respirar
tranquilos, rir do desespero que se lhes abateu, sabendo que tinham muita
história para contar à família, vizinhos e amigos.
Era
um final de tarde quando os Lopes rangeram o portão branco de sua casa em
frente da praça. Imediatamente todos
tomaram conhecimento do retorno do casal. A paz voltou a reinar no lar dessa
família. Os risos voltaram aos moradores de Pedreiras. O assunto já poderia ser
o Natal que chegaria em breve.
A
lua agigantava-se no céu azul esmaecido, ressaltada pelo brilho de tantas
estrelas. Foi quando um riso alto e contagiante pode ser ouvido vindo da
residência de número 117 da Rua Chile. Parecia que finalmente, a fantástica
história daqueles simpáticos moradores, estava tomando um rumo harmonioso. Pela
varanda podiam ser vistas sombras que se formavam com o clarão da lua, sombras
que caminhavam disformes. Brincavam, de tão felizes.
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