Dodge Dart vermelho rumo ao Chile - Vera Lambiasi



Dodge Dart vermelho rumo ao Chile
Vera Lambiasi


Em 5. Jesus Maria José!

Atravessamos a Argentina.

A qué hora empieza la revolución? A las ocho.

Íamos seguindo, desviando das tachinhas jogadas nas estradas. Que guerrinha mais tosca.

Muitas empanadas, gaseosas e medialunas depois, chegamos a Mendoza.

E veio a infeliz ideia de atravessar a Cordilheira de carro, no inverno.

Lógico que o carro foi até certo ponto e parou. Mucha nieve. Nem as cadenas resolviam.

Estávamos no meio do nada. Lembram do filme, Sobreviventes dos Andes?

Meu irmão, sócrates como ele só, reparou que havíamos passado por um quartel com a bandeira da Argentina, há alguns quilômetros.

Pegamos o essencial, largamos o carro lá, e voltamos à pé, à procura da bandeira azul e branca. 8 Km de gelo escorregadio na estrada, ou neve fofa pelas beiradas.

Menos 22 graus durante a madrugada, mas já acolhidos pelo Exército Argentino, com sopa e cama. Até rebocaram o dart de volta. Amo Argentinos!

Dia seguinte, retornamos para Mendoza, rumo ao Chile de avião. Como a neve é linda de cima!

Tudo maravilha, Santiago, Valparaíso, centollas de Viña del Mar, Farellones, Portillo e amigos chilenos queridos, responsáveis por tantas viagens pelo país.

Ahhh ... mas na volta de avião ...

Quase ficamos pelos Andes de novo, e, dessa vez, seria para sempre. Sabe aquela? Gosta tanto, por que não fica?

O avião jogou, meu cinto arrebentou, tudo voava. Balançou e não caiu.Tô aqui.
Desistimos dos Andes? Jamais!

Regressamos muitas vezes, meus filhos adoram Portillo e Valle Nevado.

Aquela água de geleira deve ter ficado no sangue.

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