O presente - Luisa Helena Rodrigues Alves




O presente
Luisa Helena Rodrigues Alves

        Eram horas de entardecer, não sei se cinco ou seis. Desci para ver o jardim. Estava florido e perfumado.

        O sol se pondo no horizonte fazia colorir o céu de um rosáceo bem forte, parecia pintado por giz de cera.

        Uma paz profunda invadia toda a Natureza. Havia harmonia em tudo.

        É um breve momento de “epifania” como diria Clarice Lispector.

        Momentos onde sentimos que saímos do nosso “eu” e fazemos uma comunhão com algo maior, o próprio Cosmo, interagindo com tanto equilíbrio e ritmo.

        Sai o sol, entra a Lua e as estrelas, o vento sopra suave e, lentamente, o manto noturno cai sobre a cidade.


        Feliz quem sabe olhar e ver o encanto que nos é oferecido. Por que brigar e guerrear se a Natureza é de todos? Assim, ao mesmo tempo que sinto paz e amor, me vem profunda tristeza: o ser humano, o mais alto elemento da Natureza, não consegue respeitar essa perfeição e o milagre diuturno que a Natureza nos dá.

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