E agora, Clara?
Angela
Barros
Clara
levava uma vida que considerava feliz, casada com um homem que amava e era
amada, dois filhos gêmeos
maravilhosos que acabaram de passar no vestibular. Morava numa moderna casa construída
e decorada exatamente de acordo com tudo que ela tinha sonhado. Uma vez por ano
toda a família viajava para algum lugar do mundo. Tudo era felicidade na vida
de Clara.
Porém, a vida de Clara mudou do vinho para a água quando
numa fatídica manhã acordou com um homem gritando na frente da sua casa falando
para quem quisesse ouvir que ia matar o desgraçado que estava tendo um caso com
sua mulher.
Todos
acordam assustados, sem saber direito o que estava acontecendo. Clara, aos
prantos perguntava ao marido o que estava acontecendo. Os filhos desnorteados não entendiam nada. Marcos, o
marido, correu para fora de casa e tentou calar o homem enlouquecido,
totalmente embriagado que estava fazendo aquele escândalo. Com ajuda de um
vizinho conseguiu colocar o louco num taxi e despachá-lo o mais rápido possível.
Voltou
para dentro de casa e o circo estava armado. A mulher ensandecida começou a agredi-lo de todas as maneiras possíveis e
imagináveis e exigiu uma explicação do marido para o acontecido. Os filhos
tentaram acalmar os pais sem muito sucesso. Sentindo o drama, Marcos
aconselhado pelos filhos, decidiu sair de casa para se acalmar.
Aos
poucos a situação se amenizou, os
filhos foram para a faculdade e Clara ficou sozinha com seus pensamentos.
-
Meu Deus, o que está acontecendo?
Isso não pode ser real.
Quando
Marcos voltou para casa, confessou que realmente estava tendo um caso com a
mulher do louco que tinha feito o escândalo naquele dia, sentia muito por tudo que tinha acontecido mas
estava apaixonado e que aquilo que ocorrera só serviu para acelerar a decisão
que ele já devia ter tomado que era pedir o divórcio, por que não queria mais
viver uma mentira.
Os dias que se seguiriam foram de muita
choradeira e brigas pelo telefone entre Clara e Marcos. Os filhos já não aguentavam mais e decidiram morar numa republica
na faculdade.
Clara
se viu sozinha de um dia para o outro. Sua vida desde que os filhos nasceram
era dedicada exclusivamente para a família. Formada em odontologia, nunca tinha exercido a profissão, com
filhos gêmeos e sem ninguém para ajudar, tinha sido impossível.
As
amigas, amigas? Deixaram de convidá-la para suas casas com medo de uma mulher disponível no pedaço.
Afinal, ela era uma mulher bonita, sabia se vestir bem, era bem informada,
tinha um papo mais que agradável e o ex marido tinha sido bastante generoso na
divisão dos bens e na pensão. Claro se viu só, sem companhia para um cinema, teatro, um show e até a um restaurante, já que
nunca tinha feito nenhum desses programas sozinha.
Um
belo dia Clara acordou com uma decisão firme na cabeça, iria fazer um curso de italiano em Milão. Alugou um apartamento no Airbnb
perto da escola onde faria o curso com duração de um ano. Preparou um roteiro
de viagens para os finais de semana e sem avisar ninguém rumou para a Itália.
Só depois de alguns dias resolveu ligar para os filhos
avisando para que não se preocupassem, estava bem aliás, muito bem. Deu o
endereço do apartamento que alugara, se por acaso quisessem, poderiam ir visitá-la,
mas que por nada dessem o endereço para o Marcos.
Clara
fez muitos amigos na escolar, e viajou
por toda Europa.
Conheceu um
charmoso italiano com o qual teve um romance quentíssimo durante algum tempo, mas
que depois percebeu que ele apenas queria alguém para pagar as contas dos
passeios e dos restaurantes caros que gostava de frequentar.
E
assim dias, semanas, meses foram passando e Clara só foi se entediando, sentia falta do marido, dos
filhos, da casa e perguntava: o que estou fazendo aqui? Resolveu ligar para os
filhos, queria saber como o pai deles estava. Mal, muito mal, disseram. A
amante decidira não se separar do marido. E o pai, estava morando sozinho num
flat, andava triste e adoentado.
Foi
nesse momento que Clara tomou outra decisão na sua vida, voltar para casa. Estava disposta a
recuperar o marido, afinal ele era, e ainda é o amor da sua vida.
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