O sol se vai? - Oswaldo U. Lopes





“Então chegou à porta do quarto e lá estava o outro menino, que logo se virou ao dar pela sua presença. Miraram-se os olhos secos da diferença. Mas já se molhando por dentro, se amolecendo. O outro não lhe perguntou quem era, nem de onde vinha. Disse apenas: Quer brincar? Queria. O sol renasceu nele. Há tanto tempo precisava desse novo amigo.” (E vem o sol de João A. Carrascosza).


         O sol se vai?

        Nasceu ali curiosa e persistente amizade. A cidade não era metrópole. Pequena. Trinta mil habitantes; escolas, duas: uma particular e outra pública. Como é freqüente em cidades assim, a publica era melhor. Ambos frequentaram a publica. O médio era feito na cidade maior não muito distante, a prefeitura custeava o transporte.

        Enfim, como queria o destino, partiram para a cidade maior, a capital, São Paulo. Cursaram a mesma universidade, a USP é claro. Um no Largo de São Francisco o outro em Pinheiros na frente do cemitério. Um falava:

        -Vocês são preguiçosos já estudam perto do Fórum.

        O outro retrucava:

        -Vocês estudam na frente do cemitério, do produtor ao consumidor.

        Games já eram coisas do passado, assim como o skate na Rua da Igreja. Meninas já não eram um tremendo enigma, nem mistério insolúvel, agora pareciam, isto sim, cascatas de luz. Hora de conhecer, ficar junto, noticia de família no horizonte.

        O sol agora era quadrado, dois pra lá e dois para cá, mas não menos luminoso.



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