A MÃE VITÓRIA - Oswaldo Romano


A MÃE VITÓRIA
Oswaldo Romano

        Vitória era a mulher mais organizada que conheci. Sua casa, um espelho de limpeza. Suas coisas obedeciam lugar determinado. Escolhia também o lado e o ângulo de como deviam permanecer.  Muitas pequenas lembranças ocupavam seus moveis, cuidadosamente encerados e polidos. Não sobrava espaço sequer para pensamento.

        Quem tirasse algo do lugar deveria devolvê-lo à sua posição anterior.  Mas, não convencia Vitória. Ela  aproximando-se tinha de recoloca-lo.

        Certa vez seu filho chamou-a  de bipolar. Ela matutou, não sabia como reagir, desconhecia o significado:

        — Você sempre aumenta as coisas. Agora só porque valho por duas, o que você quer de mim? Respeite sua mãe. Sou uma mulher honesta!

Depois avaliou a situação, e:

— Sabe de uma coisa, vou sair, agora mesmo. Vou levando esse sol na cabeça!

        Foi assim que Vitória ganhou a rua, nervosa pela falta de consideração dos seus familiares.  Caminhava num conturbado trânsito de gente e carros, Seguia pensativa, cabisbaixa. De repente ouve o toque de seu celular. Era seu filho, talvez pedindo desculpas. Uma boa sensação de alívio a acudiu:

        — Oi filho. Filhooooooo

Num “zapt” o gatuno lhe avançou na mão larapiando seu telefone.

— Ih, Ladrão, ladrão!  - gritava - F.d.p... levou meu celular! – e seguiu atônita.

Assim Vitória amargou a segunda derrota do dia.   



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