A
ABANDONADA JULIANA
Antonia Marchesin Gonçalves
Com o carro na estrada,
passei por uma jovem mulher, vestida com calças jeans, botas e chapéu abas
largas, o violão debaixo do braço e uma pequena mala na outra. È uma vaqueira
de rodeios, pensei. Estranhei não estar à cavalo. Em seguida precisei parar no
posto para repor gasolina, resolvi também comer alguma coisa e entrei na
lanchonete. Após um tempo entra ela, olha para os lados e resolve vir na minha
direção e em minha frente me pergunta se podia sentar na cadeira desocupada.
Assenti com a cabeça. Era Juliana, estradeira e se apresentava em rodeios pelas
cidades afora.
Deve ser uma vida difícil
respondi. É, sim. Tem dia que não tenho dinheiro nem para comer, durmo no mato
na beira da estrada, peço carona, às vezes corro risco de vida, mas amo o que
faço. Eu tinha um companheiro, camionete e até fazíamos sucesso nos rodeios,
mas aí o desgraçado se encantou por
outra pegadora de peões, fugiu com a camionete e o dinheiro, me deixou à
míngua.
Você me pagaria um sanduíche
e bebida, estou morrendo de fome. Pedi a comida reforçada para a garçonete e
ela comeu vorazmente.
Fiquei analisando a moça,
determinada e corajosa. Ela enfrentaria grandes desafios, pensei. Estou indo
para o meu haras, aceitaria um emprego de vaqueira para cuidar dos meus cavalos? Inclui casa e
comida, disse eu.
Aceito respondeu
rapidamente, é tudo que preciso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário