BAILARINA
MÁRIO AUGUSTO MACHADO PINTO
Sempre comemoro de maneira diferente meus
aniversários – nascimento, noivado, casamento, divórcio e outros inventados.
Hoje é dia de brincadeiras a fazer uns com os outros. A base são as lembranças
que recebo de cada um. É normal serem de pequeno valor, diferentes e devem
indicar algo ao aniversariante.
Hoje ganhei de tudo, inclusive charutos, mas
o que mais me tocou - imagine só – foi uma grande lâmpada de vidro,
transparente, incolor e bojuda. Seria uma indireta indicando que eu devia tomar
novo caminho e iluminá-lo? Confesso que não me agradou. Tive vontade de deixá-la
cair para estourá-la, mas achei que seria grosseiro, faria uma desfeita à minha
querida amiga Nair que com sua delicadeza me disse: ela bem acenderá e será sua
fiel companheira enquanto você se comportar, do contrário ficará apagada.
Perguntei: Por que? Respondeu: Para aumentar sua imaginação. Cismado, pensei:
seria uma indireta?
Após o último amigo ter ido embora, tirei a
cúpula do meu abajur de cabeceira, atarraxei a dita cuja e SURPRÊSA! Lá dentro
a figura de uma bailarina começou a bailar ao som de timbales (eu ouvia!). Dançava
só pra mim gesticulando os braços no aceno de “vem, vem, dança comigo”.
Desse dia em diante minha vida mudou.
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