Rei
Leão
José Vicente Jardim de
Camargo
− Que folgado! Indago ao
vê-lo refastelado entre dois troncos de árvore que lhe dão cobertura fresca do
sol ardente abanando juba, orelhas e rabo na tentativa de espantar ousados insetos
que insistem em interromper a soneca revigorante.
− Eu posso! Sou o rei da
selva. Além disso, quanto mais como, mais apetite tenho, o que me faz ter mais vontade de caçar. Por isso
preciso esticar o corpão e recuperar as energias...
− Eh! Me lembro quando te
conheci fazendo estripulias com teus irmãozinhos. Te acercastes de mim querendo
brincar, te peguei no colo para assombro de tua mãe que se pôs de imediato em
posição de ataque mirando meu rifle apontado para ela. Te devolvi ao solo “este
vai ser um dos bons! As gazelas que se cuidem”. Cheirastes meus odores, ficamos
amigos ”Caçador de meia tigela, hoje não abati nada”...
− Eu também me lembro quando
te salvei da chifrada daquele rinoceronte raivoso que te ia virar no avesso.
Dei-lhe uma dentada na anca que o fez estancar e virar o ataque contra mim. Meu
rugido chamando a alcateia bastou para afugentá-lo para savanas menos
agressivas...
− Bem! Vou te deixar terminar
a sesta. Dê o rugido de sempre quando sair atrás de carne fresca e a manada for
apetitosa. Pego carona e derrubo algumas “preciso acabar com esse jejum que já
está me deixando impaciente”...
Nesse diálogo sonolento, Rei
Leão demonstra uma vez mais a realeza:
Uma boa amizade permanece
para sempre na lembrança. Nem a coroa da força, do poder e o sol tórrido
conseguem ofuscá-la...
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