RECORDANDO ANTIGOS TEXTOS
ANA MARIA PINTO
A VIDA TECE O SEU FIO
Eles
se conheceram numa festa junina, bem popular e a empatia foi imediata. Eram
muito jovens e indecisos. Ela de família de classe média alta, ele bem modesto
filho de trabalhadores braçais.
Continuaram
a se encontrar com grande preocupação por parte da família dela. Antes de ela
entrar para a faculdade, como a coisa continuava, resolveram mandá-la para os Estados Unidos
torcendo para que com a separação tudo ficasse em nada.
Ficou
mais de um ano por lá, conheceu muita
gente, teve, inclusive bastantes pretendentes, mas nada disso a fez desistir do
seu jovem amigo.
Ela
resolveu seguir a carreira cinematográfica, tornou-se produtora de filmes e fez
muito sucesso não só no Brasil como no exterior.
Passaram-se
vários anos e num encontro de pessoal de cinema ela reencontra o seu
grande amor que era... Nem mais nem menos que o diretor da Paramount filmes.
O espelho de duas faces
Como
eu ansiava por sossego!
Não
ter que fazer nada para ninguém, não ter obrigações, como eu queria que
chegasse esse tempo!
Até
que meus filhos cresceram, saíram de casa, e o meu marido partiu para ter outra
vida diferente.
Que
maravilha!!!! Os primeiros dias foram maravilhosos, havia tempo de sobra para
tudo. Mas aos poucos as desvantagens foram aparecendo: excesso de compras
e inevitável desperdício de gêneros, pois estava habituada à casa cheia de
gente, nada saía do lugar. Qualquer coisa que ficasse esquecida, ficaria
esquecida mesmo, sempre na mesma cadeira. E o silêncio? Não havia barulho nem
cobranças, nem pedidos daquele sorvete, bolo, ou aquele prato caprichado.
E
agora não tinha mais que me preocupar com as saídas à noite, deixando a luz
acesa para saber se tinham chegado ou não. Não tinha que me preocupar com
os namoros, nem com as brigas. Não tinha que me preocupar com nada.
Decididamente
era outra fase da vida para a qual é preciso preparo e uma boa cabeça para administrar.
Tem suas vantagens, mas como tudo na vida, também tem a sua parte ruim.
Para
vencer, há que ter bom senso e certo espirito de humor.
A
ANSIEDADE NÃO É BOA MESTRA
Há muito tempo que ela
esperava ser adotada. Mas estava muito difícil, já tinha passado da idade
ideal, pais adotivos buscam um bebê que não tivesse referências anteriores.
Isso não acontecia com ela:
tinha bem presente o que tinha sofrido quando começou a entender as coisas e a
ver que além da miséria em que seus pais viviam, era um ambiente muito ruim com
muitas desavenças e brigas que a deixavam quase em estado de choque. As pessoas
acham que crianças não entendem o que se passa à sua volta, mas elas não só
entendem como têm muita sensibilidade para avaliar a situação.
Tinha sido retirada da
convivência com os pais e estava morando num abrigo da Prefeitura e esperando
pela adoção.
A vida não era ruim lá, mas
a espera é que tornava as coisas piores: a ansiedade era terrível e ela ainda
não sabia lidar com isso.
Até que um dia veio para o
abrigo um professor novo, com quem ela se identificou imediatamente, parecendo
que o conhecia desde sempre. Ele se interessou pela menina e começou a dar-lhe
uma atenção especial e, em breve, ficaram grandes amigos.
O professor conseguiu que a
menina não ficasse tão presa à ideia da adoção, que deixasse tudo fluir, tendo
em mente que o que tem que acontecer acontece independente da nossa vontade.
Não mandamos nas nossas vidas, elas são determinadas por vários fatores, que
nem sempre sabemos quais são.
Assim a menina seguiu a sua
vida, mais feliz, menos ansiosa e quando menos esperava o professor e a esposa
se dispuseram a ficar com ela e fazer a adoção.
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