A LIVRE JULIANA - Antonia Marchesin Gonçalves

       


A LIVRE JULIANA
Antonia Marchesin Gonçalves



                    Quando conheci Juliana o que me impressionou foi sua fisionomia tranquila, olhar de quem está de bem com a vida, sabe?  Sem rugas na testa de sinal de preocupação. Havia parado no posto da estrada para um lanchezinho rápido e água gelada, quando a vi entrando. Usava calças jeans chapéu de abas largas, debaixo do braço o violão, arrastava pequena mala na outra. Sentou-se à minha frente e perguntou-me se podia me fazer companhia. Sem problema, respondi.

                    Apresentou-se e disse-me que andava pelas estradas, por opção de vida, sem amarras em nada e a ninguém, paro quando quero, durmo a hora que tenho sono. E continuou a desfolhar sua liberdade. Viu o meu espanto, mas ainda disse: é a verdadeira liberdade que não abro mão.

                    Como você se sustenta, perguntei. Sou rica, muito rica, não preciso trabalhar para me manter, mas às vezes paro em bares e ganho um extra, cantando para fazer outros felizes.  Essa é a vida que escolhi. 

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