Questão de qualidade de vida
Maria
Verônica Azevedo
Na fila do caixa do supermercado,
encontro com minha vizinha Kátia e paro para um dedo de prosa.
Ela está afobada. Precisa conversar com
Renato. Acaba de sair da consulta médica.
Tinha esperança de melhorar da
qualidade de vida, com a perspectiva de solução para o problema que a importuna
há tanto tempo: o ronco.
Por anos ela conviveu com a aflição de
ver o marido levantar ainda cansado pela noite mal dormida.
Kátia trocara o travesseiro dele, mudara
o cardápio, abolira o tão apreciado copo de vinho no jantar e mesmo a cerveja
de final de semana. Tudo na tentativa de parar de roncar. Nada disso resolvia o
problema. Dividiu sua aflição com os amigos.
Um deles sugeriu uma consulta médica.
Agora se abria a possibilidade de se livrar do ronco.
A cirurgia foi simples, segundo a
opinião médica, embora a recuperação fosse demorada.
O humor do Renato melhorou
sensivelmente pela qualidade do sono. A própria Kátia encontrou energia para
novas experiências.
É interessante compreender como um
assunto, que muitas vezes é levado para o lado do humor e matéria para comédia,
na realidade tem um aspecto humano que afeta a vida cotidiana e as relações
entre as pessoas na convivência diária.
Aquele que ronca na maior parte das
vezes não se incomoda com isso, mas é na convivência que as coisas se
complicam.
Por causa do ronco, a vida profissional
é afetada pela sonolência, casais separam os quartos, complicam a convivência
cotidiana e dificultam as condições de hospedagem, uma vez que o costume, ao hospedar
um casal, é oferecer um quarto para os dois.
Além disso, noites mal dormidas
comprometem as condições de segurança de motoristas no trânsito, além de afetar
o humor e a tolerância com os outros nas relações sociais.
Já é hora de se tratar o ronco com a
importância que ele tem para o bem-estar de si mesmo e dos outros na
convivência diária. Acostumar com problemas diários não é a maneira mais
saudável de se viver.
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