SARA A PERUA - Oswaldo U. Lopes



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SARA A PERUA
Oswaldo U. Lopes



         Sara fora rica, ou melhor, ainda era rica, o que não era mais, era jovem. A idade trouxe todas as adversidades que lhe são próprias: doenças, dificuldades motoras, ausência de visitantes, solidão. No caso de Sara não trouxera sabedoria que logo vai se ver, fez-lhe falta.

         Por companhia tinha Tiago, um gato preto que, como todo felino que se presa não tinha dono, era o dono.

         Sozinha via televisão, tendo Tiago a seu lado, sentada no largo sofá, quando a companhia tocou.

         Abriu a porta, era o guarda noturno do quarteirão:

- D. Sara, acho que vi um vulto no andar de cima de sua casa.

- Como, se está tudo escuro?

- Foi ali, no vitro que fica na escada.

- Bobagem!

Ela falou, achando que ele estivesse plantando para colher aumento. Voltou e sentou-se no sofá. Tiago deu um miado esquisito, soando algo estranho. Recebeu como premio, um gentil tapa na cabeça;

- Quieto.

Quieto ele ficou. Foi quando ela sentiu o fio de nylon apertando-lhe o pescoço. O que lhe faltou de sabedoria sobrou-lhe de espasmos enquanto agonizava.

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