Oficina de textos, do Clube
Alto dos Pinheiros
Vera
Lambiasi
O
encontro começa às duas, no hall da biblioteca. Conversa solta sobre os
assuntos da semana. Futebol, política, violência, ali pode tudo. Novidades em
livros, tecnologia para a escrita.
Professora
e alunos a postos?
Entramos
na classe, de tudo esquecer.
Porta
fechada, celulares desligados, o mundo, lá fora.
Incomunicáveis,
começamos a ler nossas lições de casa, ALTO, para os colegas.
Todos
criticam.
Aplaudem,
se for o caso.
Professora
faz correções pontuais. Alunos viajam na maionese.
E
o orador aceita, bem humorado.
Somos
treze. Pessoas maduras, cultas, de diferentes profissões, que se expõem como
crianças.
Depois
dessa rodada de textos incríveis, feitos com calma, no aconchego do lar, vem a
lição de sala.
A
professora distribui uma folha, propondo um tema, ensina a construção desta
escrita – poesia, conto, crônica, discurso, qual queira – sugere figuras de
linguagem, e escapes de lugar comum.
Enquanto
lemos o enunciado, nossa mente já começa a ter ideias, e equívocos.
E
no fim da explanação, quando é pedido o texto, começa a brotar a história
completa.
Pausa
para o bolo e champagne, sempre é aniversário de alguém, ou foi.
Completamente
alimentados, jorra no papel, a fábula do dia.
Rápida,
curta, só uma lauda. Para expressar aquelas três horas passadas com os amigos.
As
desavenças, picuinhas, choque de gerações, vingancinhas, manobras
maquiavélicas, oportunismos, vão todos para os textos.
Devíamos
até agradecer quem nos causa tanta dor.
Das
experiências, faz-se um escritor.
Muito
agradecida.
Esta
lição de sala saiu levinha, colorida e adocicada.
Deve
ser a sensação de perdão.
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