FURTADO.
MÁRIO AUGUSTO MACHADO PINTO.
É o típico garoto de Ipanema,
cultiva aquele jeitão característico e desfruta de sua aparência. Físico com os músculos no lugar; sempre
alegre, é bonitão e queridíssimo das meninas.
Agora está na sala dos fundos do
“seu clube”, o dos Caiçaras onde, quando chega exibe força puxando a jangada. Acabou
de vencer a prova de sky aquático. É considerado muito bom nesse esporte. Há
muita gente; pudera: portões abertos.
Bem falante e sempre sorrindo pra
mostrar a alvura dos dentes, é rodeado pelas minas qual abelhas buscando o
néctar da flor maior. Conta sua última “aventura”: mudança do antigo apê para
um novo, mais amplo com vista para a “Mesa do Imperador.”
— Agora, diz ele, posso ter minhas
coisas em ordem, mas antes vou repintar e colocar mármore no banheiro social.
Além disso, continua, mas é interrompido por uma jovem que apareceu assim, do
nada.
— Oi moçada, oi Perneta! – É o
apelido dele. Usa calço no calcanhar do sapato pra não mancar. Lembra-se de mim
seu José Martione? A Silene, aquela do Canta Galo. Ele é de Goiás. Vigarista,
garoto sem vergonha. Verdade Perneta? AP? Na favela da Praia do Pinto, ali tem.
Ele é aquele que tem roupa roubada. Sabe onde? No arrastão. Sempre sem trocado,
”roubaram minha carteira do criado-mudo”, nome apropriado pra não revelar suas
coisas da vida, né mesmo? Vida que, fala, é igual a do malandro da “Conversa de
Botequim” do Noel. Anda, paga as Coca. Tá durango? Não falei? Nunca tem
“trocado”.
Furtado ou Perneta, dá no mesmo, não
sabe o que fazer e começa a esbravejar:
— Tira essa maluca daqui, te odeio
mil, some da minha vista ou te quebro os ossos...
As garotas, espantadas com o
acontecido e as revelações, vão ao banheiro lavar as mãos. Perneta alegando
compromisso inadiável sai apressado e já dá tratos à bola preocupado que está.
— Odeio a Silene. Ela me paga. Desgraçada.
Infeliz. Quebro a TV dela.
Ao mesmo tempo, pensa: Onde é que
vou aportar agora?
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