MEDICINA x POLITÉCNICA
Oswaldo
U. Lopes
Na minha vida acadêmica tive
oportunidade de dar aulas tanto para alunos da Escola Politécnica (5º ano)
quanto para os da Faculdade de Medicina (1º e 2ºanos), ambas da USP São Paulo.
A pegadinha era a mesma. Qual a
pressão atmosférica na cidade de São Paulo? Os da Poli acertavam sempre 703 mmHg,
não estamos no nível do mar. E qual é a sua pressão arterial? As respostas
começavam em 12 x 8, mas terminavam tranquilamente em 120mm Hg x 80mm Hg.
Pergunta sacana: logo se você abrir
uma artéria o que acontece? Ai vinha a diferença, mesmo no primeiro ano,
acabando de passar num vestibular, difícil os da medicina, sentiam no ar algo
estranho e ficavam em silêncio, por mais provocados que fossem. Os da Poli
acompanhavam o professor mau caráter e completavam que abrindo uma artéria entrava
ar. Alias o cara de pau do mestre ainda encorajava falando que por isso se
chamava ar-téria. Se eu conseguir me livrar do inferno, do purgatório não
escapo.
Em relação ao seu futuro o que estas
respostas revelavam? Cada um a seu modo estavam aptos a exercer com
brilhantismo a profissão escolhida. Os engenheiros trabalham em conjunto sob
uma ou mais lideranças. Têm objetivos comuns e não enganam nem procuram
enganar. Muitas e muitas vezes suas observações se completam e se cruzam, um
conjunto harmonioso e sólido resulta desse comportamento.
E os médicos? Há milhares de anos
eles sabem que a arte é longa, a vida breve e a experiência fugaz. A liderança
não se faz por palavras, mas por atos. A competência não é firmada no
anfiteatro, mas na cabeceira do doente. O respeito ganha-se no trabalho.
Segue-se a liderança, mas questiona-se sempre o magister dixit. Pode até se
fazer junta médica, mas ao fim e ao cabo, um e apenas um será o responsável
pelo juramento que fez.
Ótimo texto e ótima explicação, Dr. Oswaldo. abraço. Ledice Pereira
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