Bons tempos - Fernando Braga


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Bons tempos
Fernando Braga

Em 1973 comprei uma casa no Alto dos Pinheiros e tendo quatro filhos pequenos, o que primeiro fiz foi ficar sócio, com título familiar. Logo meus filhos estavam na escolinha do clube, que passou a ser uma extensão de minha casa,  a piscina, o restaurante e principalmente o futebol, no campinho ainda de terra. Era um dos primeiros a chegar e colocar o nome na lista, para ser escolhido em um dos times. Fazia parte do time, amigos que não posso esquecer: O  saudoso Helio Di Rienzo Piponzi e seu irmão Franco, Castrinho jogador excelente, com grande controle de bola, Lilinho e o irmão Fernandão, Sergio Barba, Celso, com chute potente, Tavinho, o melhor jogador do clube, Texas, Fernando  Wright e seu irmão Luizinho, Tucci, Joãozinho (0 Sois Rei), Oberon, Caito, Gaspar, Tuta, Marqueta, seu Guillherme e seu Valença, Miguel e até Paladino, que estava começando entre nós. Eu era o Braga, que usava kichute nos pés, e que após o cansativo futebol ia direto para à piscina, mesmo que estivesse frio.

Em 1965 quando fiz um estágio na Universidade de Edimburgo na Escócia,  conheci entre os famosos professores de neurocirurgia, Phillip Harris, com quem fiz boa amizade. Na despedida entreguei uma carta de agradecimento, que no final dizia que, quando viesse ao Brasil, eu iria ciceroneá-lo.

Em julho de 1977, em São Paulo, ocorreu o VII Congresso Internacional de Neurocirurgia, com grande afluxo de cirurgiões de todo mundo e dentre eles Mr. Harris e sua esposa. Quando o encontrei, um dos seus primeiros atos foi mostrar-me aquela carta, escrita há 11 anos, dando a entender que estava me cobrando. Hospedado no Hotel Hilton, no centro da cidade, todas as noites eu ia busca-los para jantar. No dia de sua partida, um sábado, convidei-o para visitarmos o clube, onde eu participaria da semifinal do campeonato interno de futebol.  Eu era da Portuguesa e iríamos enfrentar o São Paulo. Gostou muito do clube, sentou-se no banco da torcida, e comentou sobre nosso “terrível   inverno”, com aquele sol gostoso, temperatura amena e aquela piscina. Disse:

 — Que privilégio, vocês no Brasil. No inverno da Escócia, temos normalmente 14, 15 graus abaixo de zero.

— Eu sei, estive lá.  Respondi.

Entramos em campo e logo estava 1 a 0 para o São Paulo. Certa jogada, peguei a bola e do meio do campo chutei forte, colocando-a no ângulo. O goleiro, não me esqueço, era o Luizinho Wright. No segundo tempo, avancei e quando estava um pouco além do meio do campo chutei novamente forte e fiz outro gol. Ganhamos por 2 a 1. Quando os levava para o aeroporto comentou:

— Superbe, you are a great footeball player! Your team needed you!

Bye, bye Mr.Harris. Faleceu há 6 anos em 2010, e eu aqui com os meus 81. Recuerdos!


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