O FUGITIVO
Oswaldo Romano
— Esteja preso! – gritou de longe o
policial Moura com o 38 apontado para mim. Me acertaria de onde estava, com
certeza. Podia ser uma brincadeira, mas eu previ que não era. Moura e eu fomos
amigos durante toda a vida, e agora estamos de lados diferentes.
— É você mesmo, Moura? O que é isso?
Você me conhece e sabe que nada faria de violento para prejudicar alguém. O seu
amigo, o Japa, foi quem encheu sua cabeça, não foi?
Ele está atacando. Aprendeu logo que
atacar, é a melhor defesa. Colocou esse meme na sua cabeça, certo de que assim
o deixaria em paz, desviando suas falcatruas.
Moura, fomos amigos. O pouco que
acontece comigo agora é porque não fui feliz como você, de no concurso também
ter entrado na polícia.
Não esqueça: um crime não tem volta.
No momento oportuno quero procura-lo para provar minha inocência. Morto jamais
poderia fazê-lo. Você quer carregar por toda sua vida o peso da dúvida? Prometo
te procurar com provas da minha inocência.
Você não vai me prender agora. Vou
dar-lhe as costas e tomar meu caminho.
— Não faça isso! Vou furar suas
costelas de balas. – gritou Moura de lá mesmo.
— Pelas costas, Moura? Jamais faria
isso com seu pior inimigo.
Moura levantando o braço, deu um
tiro pelas nuvens. Eu de costas, como nada via, esperei as consequências.
Senti-me inteiro. Levantei a mão, dei um tchau, continuei andando dizendo em
voz alta:
— Você é manobrado pelo Japa. Ele é
mestre em queima de arquivos.
Assim
que lhe provar a verdade, será ele o fugitivo.
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