Luana dos lobos
Maria
Amélia Favale
Esta
história é real, aconteceu num abrigo de pessoas com dificuldade de se
relacionar.
Uma menina foi achada na mata e foi
levada para o abrigo. Acabou sendo apelidada de Menina Loba, por ter sido
criada por uma alcateia. Era arisca e não deixava as pessoas se aproximarem.
Um dos meninos da instituições,
simpatizou com ela e aos poucos foi adquirindo sua confiança. Ele tentou
mostrar-lhe que não deveria ser arisca, que precisava permitir que os outros se
aproximassem, que nada de mal iria acontecer.
O motivo desse comportamento tinha
certa razão.
Aos dois anos de idade ela estava
muito doente, e foi deixada pela mãe sentada no chão, enquanto tentava alguém
que a socorresse. No entanto, a mãe acabou morrendo antes de encontrar quem a
ajudasse a socorrer a criança.
O lugar era muito perigoso, junto
à mata fria, e era o habitat preferido dos lobos que viviam naquela região. Ao
reparar na menina chorando, uma fêmea se aproximou e encostou seus pelos
tentando esquenta-la. A criança gostou e imediatamente parou de chorar. Os
outros lobos se aproximaram e deitaram em volta. Foi o início de uma amizade
que durou muitos anos da menina e alcateia de lobos.
Alguns anos se passaram, a
configuração do lugar mudou muito, casas foram construídas, o número de
habitantes aumentou. Foi quando tomaram
um susto ao encontrá-la. Eles repararam aquela menina que devia estar com mais
ou menos com oito anos de idade andando pela rua acompanhada pelos lobos, sua
vestimenta era rudimentar. Se aproximaram dela procurando demonstrar carinho,
atenção, não foi fácil. Depois de várias tentativas conseguiram leva-la ao
abrigo. Mas a menina loba, como a apelidaram, não se adaptou aos hábitos das
outras crianças e dos adultos.
Luana o nome que deram-lhe, chorava
muito e sentia falta de seus companheiros os lobos, e da vida solta na mata.
Um dos meninos
simpatizou-se com ela se aproximou de maneira gentil, afetuoso e lhe ofereceu
doces e balas. Luana ainda desconfiada, viu quando o menino tirou o papel de
uma bala e colocou-a na boca demonstrando que estava gostando do sabor. Ela o imitou,
e ficou maravilhada ao sentir o sabor doce da bala. Este foi o começo de um
relacionamento intenso e duradouro.
Não se pode afirmar que Luana
se adaptou completamente à vida nova que estava tendo, ainda sentia saudades
dos companheiros e da liberdade que tinha para acompanha-los. Mas estava feliz
vendo seus novos amigos se esforçarem para ensinar-lhe outra maneira de se
comportar e aplaudirem quando ela correspondia às expectativas.
Luana se tornou uma adolescente
linda, feliz e muito querida por todos.
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