ROSAS
CALIENTES
MLuiza C.Malina
Um cartão
cuidadosamente escrito em negrito com rosas “calientes” de um avermelhado
escuro, tiravam os pés de Ceci de seu castelo, hàbilmente fortalecido,
construído há anos.
A busca constante de
símbolos do status que o sucesso concede, não mais lhe interessava. Concentrava
prazer no recebimento deste tão singelo e atraente cartão de duas cores, afinal
uma suíte no luxuoso hotel frente ao mar de Copacabana com amplo terraço e o
mais requisitado pela elite de então, era o suficiente para o enigmático momento.
O dia passa
ràpidamente. Ceci, dona de elegância sem par, estaciona o carro na vaga. Seu
perfume adocicado atrai os olhares curiosos de um belo rapaz que, intrigado a
persegue cuidadosamente.
Ao entrar na suíte,
deixa a porta entreaberta como de costume, delicia-se com as rosas vermelhas
sobre a mesa, brincando com os desenhos da fumaça do cigarro jorrando no quadro
de sua espera.
Caminha pelo aposento
com sua fértil imaginação, piteira de um lado e um copo de Champanhe em outra
mão. Suas acompanhantes. Tudo está
perfeito. Num momento, seus olhos se deparam com a ponta de uma estola de pele distraidamente caída embaixo da cama. Agacha-se para pegá-la quando é
surpreendida de costas por um grande abraço, entrega-se de olhos fechados a este
grande momento, sem remorsos usando a estola em seu fetiche.
A pouca claridade das
luzes e o leve som das ondas preguiçosas a reconduzem à realidade. Surpreende-se
por estar só. Levanta-se ao ouvir sussurros no corredor. Apressa-se ao se
vestir. Sai, deixando a estola caída à beira da cama, procurando em vão por
algum indício de seu cartão de duas cores.
Entra em seu carro.
Acelera ao sair olhando pelo retrovisor outro carro entrando na vaga pré-reservada.
Dá-se conta. É seu marido.
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