TRÊS
MINUTOS COM FRANCESCA
M.Luiza C.Malina
A força a indiferença
na vida de Francesca determinaram sua escolha pela profissão.
Os conhecimentos
recebidos durante sua juventude a tornaram uma moça culta, as atividades
físicas delinearam seu corpo escultural, sua necessidade em ultrapassar densas
nuvens escuras, era mais forte.
A beleza e a liberdade
de mãos atadas, aumentam a cada dia, pois não conseguia realizar-se
profissionalmente. Sabia do algo que tanto a prejudicava nas entrevistas.
Aceita de olhos abertos a corrida
cega da noite. Sua apresentação é algo de especial. Decide usar as técnicas a
seu dispor, pois tudo tem de sobra.
“Striper”. Agora era
assim. Concentração total. Sem passado. Só o momento. No olhar sem ver, exibe-se
em seu contorcionismo deixando o silêncio pasmo no ar, seguidos de algumas
conversas a meia voz. Surpreendera o público, não pela sua beleza, tão pouco
pela sensualidade. O corpo totalmente
tatuado havia desconcertado o público, que se denotava pelo acender de muitos
cigarros piscando no escuro. Realizara-se. Este seria o caminho.
No minuto seguinte,
com a magia da lentidão retira sua primeira peça, e mais tatuagens surgem. A
mente masculina entra em delírio máximo. Ela sinuosamente com ar irônico,
retira a próxima peça, que nada mais é do que a segunda pele, a malha
transparente tatuada de que tanto necessita para despertar o vivo interesse. Uma
seguida da outra, ouvindo os suspiros da plateia, se assegura cada vez mais do
seu segredo, mas tinha que dar certo no errado.
Não consegue manter a
expectativa prometida de uma “striper”. Não podia mostrar-se no todo, depois de
haver conquistado a todos de assalto.
A partir deste
momento os segundos voam ao encontro de sua fuga, retira as outras peles
tatuadas, deixando apenas uma, a da parte íntima, acompanhadas do êxtase.
Retira-se. Olha-se no espelho e inicia a retirada das
outras segundas peles, que escondem as cicatrizes de uma vitória em que fora
arrancada dos braços da morte.
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