FLAMBOYANT - Oswaldo Romano



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FLAMBOYANT
Oswaldo Romano

        Na primavera, num domingo ensolarado, resolvi deixar o lar e pedalar.

        Levado pelas ruas arborizadas do nosso bairro, onde prevalecem os pés de Sibipirunas, que generosamente atapetam nossas ruas de pétalas amarelas. Onde o Pau Ferro com seu descascado tronco quer mostrar o resistente cerne. Onde as Araucárias ostentam o orgulho de ter dado o nome ao   bairro. Onde Ipês amarelos ou roxos, quando floridos desafiam nossa admiração, e ainda, onde falando em árvores assistimos à floração do inebriante Manacá que nos acolhe com pés de todas as alturas e cores.

        São catedrais que nos abrigam e nos protegem quando sentimos o Rei Sol nos queimando. São as Azaleias plantadas em imensa quantidade. Tantas que foram eleitas a flor símbolo de São Paulo.

        O pedalar me levou, mas pedindo um descanso parei, quando ouvi movimentado e alegre barulho de vozes.

        Era um clube, quis saber mais.

         Ali pulsa num fascinante agito, o Clube Alto dos Pinheiros entre suas belíssimas malváceas. Nem sempre notada, sua arborização escapa aos olhos dos que vejo chegarem apressados para garantir a vaga do vôlei, pelada ou tantos outros esportes.

         Meu objetivo foi manter a prática do tênis, próximo de casa, quando em São Paulo.

Desceu em mim, um fato estranho, uma tristeza.
       
A vida daquele imponente Flamboyant que cedia graciosamente sua sombra elucidou valores. Inerte, também sozinho, mantinha um brilho invejável em suas folhas, esnobava suas flores e mostrava no seu agitar, a alegria de estar bem.
         
        Foi quando confirmei ter nobres nesse esporte. Um deles, que eu referencio até hoje, convidou-me para jogar. Retribui acompanhando   seu jogo, foi meu primeiro amigo. Ajudado pela bagagem do meu passado, e dando crédito ao fabuloso Flamboyant o responsável por aliviar minha tensão, eu cheguei até aqui, com muitos, muitos amigos.

        Graças a ele hoje posso narrar parte da minha presença no AP. Setembro de 1998.

Vinte anos se passaram.

        Revendo o escrito acima, fico na saudade. Tinha setenta e poucos anos! Carregava o fardo bem vivido do homem realizado.
       
É assim com as árvores e com o homem, as grandes árvores nascem frágeis, crescem e se tornam fortes, volumosas, e imponentes, mas com o tempo, arqueiam e envelhecem, embora ainda forneçam sombra e beleza aos ambientes.

UMA INESQUECÍVEL VIAGEM- Ledice Pereira



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UMA INESQUECÍVEL VIAGEM
Ledice Pereira


Eles estavam felizes
com as férias programadas.
Tudo tinha que dar certo.
Não podia haver mancadas.

Mas, coitados, que tristeza!
Uma coisa aconteceu:
O pneu furou na estrada
Tão escura como breu.

Ficaram tão assustados
com os ruídos que ouviam
Que chegaram a pensar
Em retornar de onde vinham.

Mas não havia uma alma
Que viesse ajudar.
Dormiram dentro do carro
até a manhã chegar.

Quando o dia clareou
estavam tão desanimados
Que o que mais desejavam
Ter o carro consertado.

Tinham fome e se coçavam
com as picadas dos bichinhos.
Queriam tomar café
e comer alguns pãezinhos.

Foram andando pela estrada
até a um bar chegar.
Lá, conseguiram socorro
para o pneu consertar

Mataram então a fominha,
curaram as tais das picadas
Tiveram o carro arrumado
E desistiram da jornada.

Futebol. Quantas lembranças boas. - Fernando Braga



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Futebol. Quantas lembranças boas.
Fernando Braga

       Se eu pudesse voltar no tempo...  Ah! Se eu pudesse.

       Mas, espera aí! Eu posso sim. Vem-me agora, neste preciso momento, à memória, duas preciosas ocasiões dentre inumeráveis outras, relacionadas com este maravilhoso esporte, realmente o meu preferido.

        Cerca de 52 anos atrás, mais precisamente em junho de 1966, estava eu no final de meu estágio em Edinburgh na Escócia, poucos dias antes do início do campeonato mundial deste esporte, na Inglaterra.

        Fora programado dias antes do início, um jogo amistoso entre a seleção brasileira e a escocesa, no Goodison Park em Glasgow. Junto com meu irmão mais novo, que estava passando oito meses comigo, em meu Volkswagen 1959, com uma bandeirinha do Brasil no vidro traseiro, fomos cedo para conhecer aquela cidade e assistirmos esta peleja no período da tarde. Após chegarmos fizemos uma pequena parada em uma mercearia para um cafezinho e junto ao balcão, a nosso lado, estava um rapaz simpático, comunicativo, que percebeu que éramos brasileiros e que lá estávamos para assistir o programado jogo. Logo fizemos amizade e ele nos convidou para irmos até sua casa para conhecermos sua “little taft mother”. Como tínhamos tempo aceitamos e os três, entramos no carro. Nos propôs darmos uma volta antes, até o centro da cidade para conhecê-la melhor e vermos as vitrines Caminhamos pela movimentada rua entrando em várias lojas, e sem que percebêssemos, ele falava com o gerente ou com o dono e dizia que nós dois éramos jogadores da seleção brasileira, eu o “Garrincha” e ele o “Paul Enric”.  Conseguiu em cada loja, presentes como camisetas, carteiras, tênis e uma malha de cachemir preta, que guardo até hoje, totalmente gasta, mas são 52 anos! Desde o início achei gozado e topamos a brincadeira.  Afinal, ninguém nos conhecia e eu acabei me tornado o Garrincha, o mais famoso após o Pelé. Uma pequena multidão se juntou em torno. Não virei o Pelé porque ele era por demais conhecido, em qualquer lugar do mundo.

        Almoçamos em sua casa pois sua simpática mãe fez questão de nos preparar um saboroso almoço, se é que na Escócia tem comida saborosa!

       Assistimos juntos o jogo da seleção brasileira, naquela fase constituída pelo Gilmar ou Manga, Fidélis, Brito, Djalma Santos, Orlando, Bellini, Altair, Paulo Henrique, Rildo, Denílson, Lima, Jairzinho, Pelé, Paraná, Garrincha, Tostão e outros. Este jogo foi 1 a 1.   Deu para sentir que o time do Brasil não estava bem preparado.  O técnico foi o Vicente Feola.

       Caso o Brasil chegasse às quartas de finais, estávamos preparados para irmos a Londres, mas perdeu por 3x1 da Hungria e de Portugal, pelo mesmo placar, sendo eliminado logo na primeira fase. Neste jogo com Portugal caçaram o Pelé, que acabou sofrendo lesão grave, não podendo mais participar das competições.

       Eusébio, o moçambicano naturalizado, foi o artilheiro da competição, tornou-se famoso e deu à Portugal o terceiro lugar. No final, a Inglaterra, com ajuda do juiz, foi a campeã, contra a Alemanha.

       Não assisti ao jogo, mas no dia da final, estávamos em Londres e à noite sentados em um bar em uma das principais avenidas, a Bayswater Road, ocasionalmente víamos passar um carro com alguém gritando England! England!

        Que comemoração mais sem graça, pobre! E em um país que inventou o futebol!

       Que diferença da loucura, em todas as cidades brasileiras, nos cinco campeonatos que levaram o Brasil ao Penta.

       Posteriormente vou relatar outro fato que acho interessante, ligado ao mundial da FIFA, em 2002.


DISFARÇANDO O INDISFARÇÁVEL - Ledice Pereira


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DISFARÇANDO O INDISFARÇÁVEL
Ledice Pereira


Eu que pensava estar adormecido,
aquele sentimento adolescente
ao vê-lo aproximar-se decidido,
forte tremor tomou-me de repente.

Meu rosto tingiu-se de vermelho.
Não consegui, sequer, dizer bom dia.
Correspondi ao beijo de amizade,
tentando disfarçar o que sentia.

Educado, fingiu não perceber
a emoção que me arrebatava,
entabulou, ali, um bate papo
e eu senti que isso me acalmava.

Aos poucos, retomei algum controle
sobre a tal emoção incontrolável.
Consegui manter-me bem mais calma,
diante à situação desconfortável.

E então, quando chegou a despedida
não pude mais conter minha tristeza.
Rolou-me uma lágrima sentida
que ele percebeu, tenho certeza.

O TEMPORAL - LEDICE PEREIRA


O Temporal
Ledice Pereira




Aconteceu. Aconteceu novamente!
O dia escureceu tão de repente.
A tarde virou noite num segundo.
O céu abriu todas as comportas,
Trazendo o pavor a todo mundo

A chuva e o vento traiçoeiros
Derrubaram árvores, tudo pela frente.
Formou-se um mar tão rapidamente,
Levando os carros a nadarem na corrente.

Eu me senti tão pequenininha
A lutar contra aquela natureza,
Que me restou orar à minha santinha
Pra que me protegesse com destreza

Quando percebi que houve  u’a trégua
Ainda apreensiva me arrisquei,
Tentando vencer aquele estresse.
Rezei, agradecendo à minha santa
Por ter atendido à minha prece.

Um dos maiores cientistas de nosso tempo. - Fernando Braga


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Stephen Hawking



Um dos maiores cientistas de nosso tempo.
Fernando Braga

        Uma reverência àquele que ao lado de Galileu Galilei, Newton e Albert Einstein tornou-se um dos maiores cientistas de nosso tempo.

       Faleceu em 15 de março deste ano, em Cambridge, aos 76 anos, o  Cosmólogo, Físico Teórico e Matemático  Stephen Hawking,  nascido em Oxford em 1942.

        Apesar do fato de ser portador de uma doença degenerativa grave do sistema nervoso, diagnosticada quando tinha apenas 21 anos, com expectativa de vida de apenas dois ou três anos, conseguiu sobreviver por mais 54 anos, a mais longa sobrevivência conhecida, em portadores desta enfermidade.

       Sua doença conhecida pela sigla E.L.A, ou seja, Esclerose Lateral Amiotrófica, é de enorme poder destrutivo do sistema nervoso, levando em pouco tempo à incapacidade e morte.

       Me lembro, do Dr. Jardim, um neurologista jovem que nos convidou para seu casamento em Piracicaba, onde havia se estabelecido. Fomos em grupo prestigiá-lo, era muito querido. Cerca de uns 4 anos após, veio para consulta em São Paulo após notar que os músculos de suas mãos estavam enfraquecendo e com presença de fasciculações.  Ainda no início, indo caçar codornas, não conseguiu puxar o gatilho da cartucheira. Após 3 anos fomos a seu enterro, após um sofrimento atroz, com intensa incapacidade geral e respiratória.

       Um paciente, com muitas posses, outra vítima desta doença, após consulta-lo em sua casa, me propôs acompanhá-lo, levá-lo a qualquer país, qualquer centro mundial mais avançado da Europa, na América, onde pudesse ter tratamento mais diferenciado. Propôs me pagar, além da viagem e estadia, o triplo do que ganhava por mês em minha profissão. Não aceitei. Em nenhum lugar do mundo havia tratamento que justificasse a viagem. Faleceu após dois anos, todo atrofiado, incapacitado, com quadro de insuficiência respiratória.  

       Esta é a ELA, onde há uma degeneração, morte progressiva dos neurônios motores situados no corno anterior da medula cervical no início, fraqueza nas mãos e restante dos membros superiores, depois descendo, atingindo o restante da medula, levando à incapacidade da musculatura respiratória, atrofia nos membros inferiores e finalmente, subindo para os núcleos motores do tronco cerebral, com distúrbio de deglutição, paralisia facial, dificuldade mastigatória e assim por diante. Há sempre preservação da parte sensitiva e igualmente da parte cerebral, com todas as funções preservadas, manutenção da capacidade mental, intelectual. Desde o início de sua evolução aparece sempre a presença de fibrilações ou fasciculações ao nível dos músculos que vão sendo lesados, sinais estes que quando visíveis denotam que os neurônios estão morrendo. O exame fundamental para confirmar o diagnóstico é a ENMG (eletroneuromiografia)

       Pois bem,  Stephen Hawking era um estudante em Oxford, por sinal medíocre no início, com notas baixas e risco de não poder continuar e fazer a universidade. Praticava   remo no rio Tâmisa, no começo remando, depois como timoneiro, por já sentir fraqueza.

       À medida que seus conhecimentos ganhavam notoriedade, seu corpo ia se desmanchando levando-o à incapacidade física acentuada, impossibilitado de escrever, de falar, mas não de raciocinar e pensar. Seu corpo ficou totalmente deformado.  Posteriormente foi criado um aparelho sintetizador de voz personificado, para que pudesse falar, fazer conferências, o que fez muito ao redor do mundo.

        Formou-se em Oxford e fez doutorado em Cambridge. Tese de doutorado sobre a Possibilidade de viajar no tempo. O tempo seria diferente na velocidade da luz. Escreveu vários livros.  Em 1979: -Origem do universo e mecânica quântica. Escreveu- O Universo numa casca de noz.

        Publicou em 1988 o livro: Uma breve história do tempo, onde fala do Big Bang aos Buracos Negros. Vendeu milhões de livros, mas diz-se que embora o livro tenha sido feito para os leigos, 50% desistiram após a quinta página. Eu consegui ir até a vigésima, devido complexidade da matéria.

       Fez muitas viagens e conferências. Conhecia profundamente a Relatividade e Mecânica Quântica.

       Teve dois filhos com a primeira esposa: Lucy e Robert.

       Com Lucy escreveu   vários livros infantis entre eles:  George e o Big Bang.
       Em Dez de 2012, ganhou o Prêmio de Física Fundamental por sua teoria sobre os buracos negros emitindo energia. Ajudou na compreensão do universo.
       Em 2004 contraria a teoria de 1966, em que o buraco negro a tudo engole em sua passagem e não podem ser destruídos.   Mostrou que eles não são imortais e podem acabar.  Falou das forças que regem o universo: 1. A eletromagnética 2. A gravitacional. 3. A nuclear forte e 4. A nuclear fraca. Se existem estas 4 forças, não pode existir o nada. Não pode existir o nada. Desvendou mistérios do universo. Outros universos existem.

       Criou a Teoria do Multiverso, a Teoria M, a Equação dos buracos negros, a Teoria do Tudo, plano fundamental do universo. Ainda, a Teoria das Cordas para explicar como o universo teve suas regras gerais, que regem todo o universo. Tudo teórico, somente no papel. Tudo de difícil interpretação para leigos, mas que tem sido discutido intensamente pelos sábios no assunto. O seu reconhecimento como um gênio, é geral.

       Fala de Richard Dawkins, com quem muitas vezes dialoga. Confessou o ateísmo.

       Defendia o direito de se matar, o genocídio assistido.  Os familiares que ajudam a morrer, não devem ser condenados pela justiça, escreveu ele. No UK são considerados crimes dolosos ou culposos, podendo pegar prisão perpétua. Enfatizava que: - “Enquanto há vida, há esperança”.      
 
       Foi realmente a maior perda dos últimos 50 anos!


O MAR NOTURNO - AUTORES: ESCREVIVER DE QUARTA



EU ACHO  MUNDO TÃO LINDO MARAVILHOSO  NÃO TEM TEMPLO MAIS LINDO QUE  ESTE


O MAR NOTURNO
AUTORES: ESCREVIVER DE QUARTA

A noite silenciosa caía sobre o mar
Na escuridão, ondas de espuma e cores,
Singrando as calmas vagas, um menino a remar
O vento, nuvens espalha, o luar aplaca dores.

As nuvens tomaram formas que o menino percebeu
O luar sob as estrelas fez o menino notar
De repente, furando onda um golfinho apareceu
Pelo jeito, pelo momento queria conversar

O que queres, ó menino, no reino das minhas águas?
Poder nadar com destreza, como você, que beleza!
Pedindo ao vento que dissolva minhas mágoas
E eu volte a apreciar com alegria, a natureza.

E a noite que era quieta e fria
Quieta e fria permaneceu, golfinho e menino se entendem
E o menino abraçou a pele escorregadia
Enfim juntos nadaram ao despontar do novo dia
Entendendo que sonhos não se vendem

CONTANDO NINGUÉM ACREDITA - Ledice Pereira



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CONTANDO NINGUÉM ACREDITA
Ledice Pereira

Uma cidade fantasma?

Casas minúsculas circundavam a praça, cujas árvores prateadas pareciam de alumínio.

Faltava cor. As nuances de cinza iam do claro ao escuro, o que tornava o lugar mais assustador.

Sons indecifráveis gemiam de dentro das pseudo casas.

Um veículo, se é que se podia chamá-lo assim, aproximou-se do grupo que, entre surpreso e estático, quase foi atropelado. Não havia motorista.

Que lugar seria aquele? - Perguntavam uns aos outros, apavorados. Eram jovens, que ao terminar o ensino médio, haviam optado por uma viagem de cinco dias, para conhecer e explorar algumas praias virgens do litoral norte de São Paulo. Para isso, haviam contratado Felipe, um guia amador, que vinha se aventurando na área há apenas um ano.

Como haviam chegado ali, naquele povoado no meio do caminho?

Vários obstáculos os havia obrigado a desviarem do trajeto pré-estabelecido.

Figuras estranhas começaram a deixar as mini-casas, dirigindo-se à praça. Tinham o corpo prateado como se feitos de lata, e os rostos não eram definidos.  Emitiam sons metálicos. Seriam robôs?

Ignoraram o grupo visitante, juntando-se em volta daquele arvoredo rompendo sons ensurdecedores.

Os jovens tentaram correr, mas percebiam-se presos ao chão. Suas cabeças pesavam. Não conseguiam raciocinar. Tampouco podiam mexer os braços que estavam adormecidos, bem como a língua, impedindo-os de se comunicarem entre si.

Haviam programado um jantar nababesco num restaurante indicado por Felipe que ficava na cidade de destino já que, durante todo o dia, tinham comido apenas os lanches que trouxeram. Os estômagos roncavam.

Com os corações aos pulos e tentando, sem êxito, enxugar as lágrimas que insistiam em cair, rezavam para que os pés se soltassem e o   formigamento passasse.

Mas, nada. Aquela reunião continuava, indefinidamente, sem que pudessem pressentir o fim.

Felipe, que vinha aprendendo a enfrentar situações embaraçosas, ao perceber a escuridão do local, conseguiu alcançar sua potente lanterna, ligando-a e direcionando para o local da reunião.

Foi o que valeu. A luz provocou um efeito de espelho, fazendo-os refletirem-se, uns nos outros, atordoados. Um a um, aqueles estranhos seres foram caindo, ao mesmo tempo em que o grupo de jovens sentiu-se com os pés livres, voltando a mexer os braços e podendo se comunicar.

Sob o comando de Felipe, acenderam, ao mesmo tempo, suas lanternas, dirigindo o foco de luz para os estranhos minúsculos seres, o que permitiu que corressem até os carros e fugissem dali sem sequer olhar para trás.

Alguns sugeriram que desistissem da viagem e voltassem para São Paulo. Entretanto, a maioria decidiu continuar o plano inicial. Assim, chegaram com grande atraso ao tal restaurante. Sujos, esbaforidos e mortos de fome, tiveram que implorar ao dono que os servisse. O velho duvidou daquela história fantástica que contaram:

─ Não pensem que acredito nesse monte de mentiras. Só vou servi-los porque já tinha adiantado o prato encomendado e não quero jogar comida fora, mas moro aqui desde que nasci e nunca ouvi nada mais estapafúrdio. Vocês, jovens, têm uma imaginação!!!

Brasil il il !!! - Ledice Pereira



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Brasil il il !!!
Ledice Pereira

Comecei a me interessar por futebol na Copa de 1958, quando, ouvindo a narração dos jogos pelo rádio, torci pelo time brasileiro até perder a voz.
Foi nesse ano que Pelé surgiu, incomparável!

Passei a prestar atenção no time do Santos Futebol Clube, onde o trio Pelé, Pepe, Coutinho fazia verdadeiros malabarismos no campo, sem contar as defesas do Gilmar que, além de grande goleiro, era um tipão.

Meu coração, entretanto, já pertencia ao Corinthians, fato esse que incomodava a alguns amigos e ainda hoje incomoda marido, filhos e netos.

Mas, em paixão antiga não se mexe e continuo com minha devoção.

Fora isso, gosto de torcer em Copa do Mundo.

Em 1998, juntamos amigos no bar do meu filho, Mauro, o então Espaço Paulista, que ficava em Pinheiros.

Virou ponto de encontro, não só dos jovens da idade dele, mas de amigos meus, do meu outro filho e de meu marido.

Ali, vimos Taffarel defender o gol com garra. A cada defesa, vibrávamos nos abraçando. Cada gol da Seleção era comemorado com fogos e gritos. Eram dias de festa!

Infelizmente, a França sagrou-se campeã e tivemos que amargar essa derrota.
Em 2014 também foi inesquecível, embora negativamente. Aquele resultado de 7 x 1 para a Alemanha ficou entalado em todas as gargantas.

O 1 x 0 do amistoso do dia 27/03 deste ano de 2018, no Estádio de Berlim, serviu apenas para mostrar que estamos com um time mais entrosado, bem orientado pelo técnico Tite, apesar de não ter sido suficiente para lavar a alma brasileira.

Esperamos mais do time na Copa da Rússia, e que venha o hexa para alegria do povo sofrido e decepcionado com o atual momento que vivemos no nosso amado Brasil!

RIMA - MARIA AMELIA FAVALE




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RIMA
MARIA AMELIA FAVALE

O próprio ambiente não ajuda a resolver, mesmo pensar.
Tenho que me envolver, mas não consigo.
E sem notar aqui estou só querendo rimar.
É bem fácil encontrar palavras que só queiram concordar.
Isto é rimar. Não preciso me esforçar.
Sem me esforçar, estou rimando, meu amigo.

Sobreviventes - Angela Barros



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Sobreviventes
Angela Barros

        Costumo dizer a parentes e amigos que somos sobreviventes nessa cidade ensandecida onde moramos, chamada São Paulo. O porquê dessa afirmação tão pessimista? Vamos tentar juntos chegar a essa conclusão?

        Primeiro, você não tem a sensação de que todas as noites, quando repousa sua cabeça no travesseiro para dormir, sente um baita alívio? Depois, vem aquela necessidade de agradecer por ter encontrado sua família reunida e sobrevivido a mais um dia?

        Segundo, você concorda comigo que é cada vez maior o número de famílias que se veem obrigadas a sair de suas casas para morarem em condomínios de apartamentos? Verdadeiras fortalezas, cercadas por imensos portões com clausura, muros cada vez mais altos, seguranças por todos os lados e controles remotos com botões de pânico. Nossos lares não estão cada vez mais parecidos com presídios de segurança máxima?
       
        Terceiro, lembrem, não faz tanto tempo assim, nossas crianças brincavam livremente em frente às nossas casas. As mães passeavam com seus bebês nas calçadas para o banho de sol matinal. Hoje, elas estão sendo criadas em redomas de vidro. É na fortaleza que nossos filhos e netos fazem aulas de natação, ballet e karatê e outras atividades.

        Em relação a moradia ainda temos a opção de nos protegermos com grades e muros mas, e quando saímos às ruas?

        Medo, é esse sentimento que nós sentimos. Depois de passar pelo drama de ter uma arma ao lado do rosto, quando dentro do carro estacionado esperava meu filho na saída da escola. Entrei em pânico, acelerei o carro, saí em disparada, fugi sem pensar nas consequências. Poderia ter sido alvejada por uma bala na cabeça. Por conta disso, desde esse fatídico dia eu como muitos outros pais que conheço não saem das suas prisões sem os carros blindados.

        Enquanto isso, meus caros leitores, nossos representantes que elegemos baseados nos seus discursos de daqui para frente tudo será diferente, tem um só objetivo, roubar, corromper e pensar nos conchavos necessários para o próximo cargo.