A CATARATA - Mario Augusto Machado Pinto



A CATARATA
Mario Augusto Machado Pinto
Há treze anos vivo nos EE.UU. Já consegui o Green Card, apartamento próprio, um carrão daqueles e Pós Graduação em hotelaria. Pratico alpinismo e ski racing nas épocas apropriadas. Enfim, tenho vida já estabelecida, prosperando e tranquila. Solteiro por convicção. Tenho prazer em morar e trabalhar aqui, em Buffalo.
O hotel em que trabalho recebe excursões programadas vindas de várias partes do mundo para ver as quedas d´agua, as Niagara Falls, e passear de barco pelo rio bem perto delas. Habitualmente é tudo feito dentro de horários pré-estabelecidos e cumpridos, exceto quando chegam excursões dos meus patrícios. É, do Brasil. A direção do hotel já sabe e me destaca para cuidar deles. Falam muito e alto, querem tudo na hora, acham tudo caro e melhor no Brasil, dão pouquíssimas gorjetas e nesta época querem fazer Carnaval nos salões do hotel. No Brasil tem. Por que aqui não? Claro, mas pelo hotel não é possível e a mim cabe domar as feras. No final dá tudo certo, mas a zoeira é enorme. À vezes até sai um relacionamento melhor com componente de algum grupo. Foi o que aconteceu agora.
Horácio veio com a mulher Berta e as duas filhas maiores, Cida e Das Dores. Interessante: os pais são economistas “máster” pela USP, estão no BNDES, no Rio e as filhas engenheiras de minas pela Colorado School of Mines, estão na VALE, no Pará.
Conversando com os quatro sobre as fortes nevascas, Cida mostrou interesse em fazer uma corrida de ski.  Também queria ver as cataratas de perto com a queda d´água totalmente congelada e andar no leito do rio.  Programa pra nenhum herói de HQ botar defeito. Praticante de corrida na neve, me ofereci para ir junto. Aceito, combinamos para as oito horas do dia seguinte.
As oito, de jeep, lá fomos nós equipados com skis, sapatos com espinhos e agasalhos. Após dias de tempestades de neve e frio de congelar pinguim, não nevava no momento. Céu azul de brigadeiro. Subimos a pista pelo transporte segurando uma corda e nos lançamos do alto varias vezes.  Boa esquiadora (aprendeu no Colorado, pratica ski aquático no Pará) foi ótima companheira. Faltava a segunda parte: as quedas d´água.
Vivendo tão perto, acostumado que estava com o barulho da cacheira, ao ver a Niagara Falls congelada e silenciosa me lembrei do comentário da Sra. Roosevelt ao ver Iguaçú: Poor Niagara.
A visão daqui era estonteante, para lembrar por toda a vida. Tudo congelado, inclusive a queda d´água, daí o silêncio. Começando de baixo fomos tirando selfie em vários patamares nos observatórios das margens. Agora, subindo, aconteceu uma pergunta inesperada da Cida:
- Quê que você acha de passar por trás da queda congelada? Quero fazer isso desde quando estava no Colorado! Como será que é? Deve ser fe-no-me-nal! Olha! Olha! Tem gente indo! Ai, vamos, vai! Já estamos com os sapatos...
Confesso: fiquei estupefato, de boca aberta a olhar fixamente o rosto da Cida. A ideia dá uma boa HQ. Cara, ali são mais de cinquenta metros de altura. Alto pra caramba! Um escorregão e beléleu, sifo.  Já estive na Del Angel da Venezuela, na Tequendama da Colômbia, mas que não se comparam com isto aqui.  Sentí um empurrão e ela dizendo:
- Acorda! Não vai me dizer que não é seguro, seu medroso! Acorda! Ô loco, nunca pensei...
- Nem eu. Que é perigoso, é. Podemos verificar e tentar.
- Tem nada disso não. Vamos e pronto! Machão, sexo forte! Vai encarar?
- Vou, e é pra já! - falei meio chocho, sem convicção, percebido.
- Vamos! Depois te pago um grogue bonzão!
Ventava bastante. No caminho nos ajudamos a ajeitar e apertar as capas amarelas com capuz. Mãos dadas – aperto forte, o dela – passo a passo vamos em direção à cortina do que pareciam estalactites. O caminho dava justo para uma pessoa andar raspando o corpo no paredão de pedra de tão estreito que é. Um escorregão e já viuuuuuu.  Benditos sapatos com espinhos! Havia grutas abrigando umas vinte pessoas em cada tirando fotos e selfies. As paredes rochosas mostravam nitidamente o caminho escavado pelas águas per secula seculorum. Formei e descrevi várias pareidolias para a Cida. Impressionei com a imaginação. Chupamos um pouco da neve.
Iniciamos a subida do caminho para alcançar o rio. É íngreme, nos deixa de língua de fora, coração batendo forte e rápido. Parece o meu Camaro, digo pra Cida. Ela não comenta. Olho pra trás e vejo o rosto dela: lábios roxos e sobrancelhas cobertas de gelo. Puta la vida, e agora? Tem mais uns vinte metros e o pessoal da frente anda devagar. Falo para ela colocar as mãos em concha perto da boca e soprar rápido, sem parar. Vou para trás dela, tiro uma das minhas luvas e ponho a mão pressionando levemente seus lábios esperando aquece-los com o calor dos meus dedos. Chegados ao topo, eu continuo insistindo:   
- Sopra, sopra. Presta atenção, vamos andar e vou fazer por muito tempo como se te beijasse. Não para.  
Colo e descolo meus lábios aos dela, sopro e vou falando. Fica tudo engrolado:
- Estamos chegando. Apoie-se nos meus ombros. Anda depressa. Segura na minha cintura. Faz de conta que é o jogo da maçã. Aqui! Pronto, pronto, chegamos. Alguém, por favor, um chá, rápido. Você encosta a xícara de leve e tira da boca. De leve, pô! Isso! Pronto. Obrigado, gente, obrigado. Tira! Encosta! Não para! Assim, é, assim mesmo! Não para!
Uma senhora se aproxima e quer saber o que houve. Explico e ela diz que fomos loucos.
- O senhor já imaginou essa moça ter que cortar os lábios por congelamento?
- Ela quis! - replico.
- Mas o senhor concordou e foi junto. Loucos!
Bem, a senhora tinha carradas de razão. Foi loucura, mas fizemos. Ela porque quis, e eu, empurrado pelo machismo. Ainda bem que está dando certo.
Depois de umas duas horas Cida já conseguia falar sem medo de rachar os lábios. Veio até mim, segurou meu rosto que beijou de leve, passou a língua nos lábios, me colou um selinho, me abraçou como só as mulheres sabem, e meio rouquenha falou ao meu ouvido:
- Meu Galahad!

Valeu tudo!

Nilão - Jeremias Moreira


NILÃO
Jeremias Moreira

A Rua Rui Barbosa é paralela à Rua dos Domingues e, devido ao desnível topográfico que há entre elas, é conhecida como Rua de Cima.  A outra, como Rua de Baixo. Embora fossem simples, a de Baixo era de moradias. Já a de Cima, continha um pequeno comércio, o Conservatório Musical, a Biblioteca e o Grupo Escolar. Cada rua tinha sua turma de crianças e elas eram rivais em tudo. O Nilão era um menino que morava na Rua de Cima, bem enfrente ao Grupo Escolar. Tinha onze anos, era grande, forte, destemido, não pertencia a nenhuma das turmas e o pior, era encrenqueiro. Qualquer garoto tremia ante a possibilidade de se deparar com o Nilão. Para com os meninos da sua rua, às vezes, mostrava complacência, mas, aos da Rua de Baixo, nunca dava trégua. Bom de bola, Coco saiu da escola mais cedo. Pisou na rua e avistou Nilão na entrada de sua casa. Ele era da Rua de Baixo e, assim que avistou a fera, tratou de voltar para a segurança da escola. Mas o outro conseguiu se interpor e o agarrou pelo braço:
 —  O que você está fazendo na minha rua?
Coco pensou rápido e tratou de enrolar:
—  Ô Nilão, que bom te encontrar! A turma da minha rua está querendo apostar como você não tem coragem de entrar sozinho no porão da casa abandonada, onde morreu o velho Geovânio. 
Tratava-se de um decadente casarão localizado numa das travessas das ruas, e que, devido ao declive, possuía um enorme porão. Com esclerose, Geovânio vivera anos na casa,  sob cuidados de enfermeiros. Mas, para a garotada, era tido como louco. Desde a sua morte a casa fora fechada por seus filhos, se deteriorara ainda mais e tornara-se uma assombrosa fantasia na cabeça da criançada. Acreditavam que o fantasma de Geovânio habitava o porão da casa. Ao ouvir o desafio, Nilão reagiu:
—  Quem disse isso?
—  O Lula e Vadeco.
—  Só topo se a aposta valer alguma coisa. – respondeu.
—  Cinquenta bolinhas de gude, mas tem que entrar à noite. – desafiou Coco.
— Tá bom, hoje às oito horas a gente se encontra enfrente ao casarão. Olha lá,  hein! Se você não aparecer, acabo com você quando te encontrar.
—  Combinado! – respondeu Coco.
A contra gosto, Nilão soltou o menino. Coco massageou o braço e tratou de se afastar.  Duvidava que o Nilão tivesse coragem para tanto, mas ponderou que era bem melhor a eventual perda de cinquenta bolinhas do que levar uma surra. Imediatamente foi de casa em casa, contar sobre o desafio para os amigos. Logo a notícia se espalhou e tornou-se interesse das duas turmas. Todos queriam presenciar esse acontecimento. Apesar das diferenças entre eles, eram unânimes contra o Nilão. Rivalidade, às vezes é preciso transigir. Combinaram uma forma de sacanear o Nilão. Assim que ele entrasse, iriam trancar o portão com um cadeado. Pouco antes da hora combinada já estavam todos lá. A expectativa era grande. Às oito horas, em ponto, o Nilão dobrou a esquina e entrou na rua.  Vinha  acompanhado pelo Tomé e assobiava, sem demonstrar o menor temor.
— Antes eu quero ver as bolinhas. —chegou exigente.
As bolinhas, ele rejeitou cinco. Foram prontamente substituídas, e deixadas em garantia aos cuidados do Tomé. Receosas, as crianças olhavam em silêncio. Nilão ainda desafiou:
— Alguém mais quer apostar?
Ninguém se manifestou. Nilão sorriu e se encaminhou para a entrada do porão da velha casa. O portão estava emperrado. Ele meteu o pé e abriu. Coco lembrou-lhe que a exigência era de ficar no porão, pelo menos durante vinte minutos.
— Se eu quiser eu fico a noite inteira.  
Olhou desafiador para todos, virou-se e entrou. A molecada deu um tempo e, conforme combinado, trancou o portão. Riram cúmplices, depois silenciaram.  Ouviam-se apenas os sons de passos que se distanciavam. Era o Nilão penetrando porão adentro. O tempo passava e as crianças, na expectativa, às vezes, riam nervosas. Acreditavam que ele não teria coragem e que, mais cedo ou mais tarde, desistiria. Todos queriam ver sua reação diante do portão trancado. Desejavam que ele se borrasse de medo. De repente, ouviram uns berros. Olharam-se vitoriosos e vibraram. Logo ele estaria de volta, apavorado. Finalmente, Nilão colocaria o rabo entre as pernas. Talvez, depois dessa noite, ele abrandaria o mau gênio. Mas, o tempo foi passando, continuavam a ouvir os gritos e nada do Nilão. Até que apuraram melhor a audição e atônitos conseguiram perceber os seus brados:

— Vem assombração! Cadê você? Vem aqui velho Geovânio, vem brigar comigo, vem!

Meditações de Verão a Beira Mar - José Vicente Jardim de Camargo


Meditações de Verão a Beira Mar 
José Vicente Jardim de Camargo   


O sol escaldante não dava tréguas. ; O calor em baixo da tenda de praia sufocava. A brisa do mar um bafo quente vindo de uma fornalha prendida. ; A areia branca e fofa da praia queimava a sola dos pés. As ondas brancas convidavam para um banho refrescante, mas o contato com a água era morno e não reanimava o corpo esmorecido...

Sentado, meu olhar vasculhava o horizonte em busca de sinais que dessem esperanças de chuvas que aliviassem o desconforto da pele ardente. Mas, o azul imaculado do céu só fazia aumentar o desânimo de ter de aguentar mais um dia de calor intenso.

Só mesmo a natureza ao redor com todo seu esplendor de luzes, cores, sons e mistérios numa simbiose magnífica de mar, praia, rios e montanhas cobertas de matas nativas não me deixava levantar em busca de locais mais frescos e aprazíveis. Ela me atraia, me aprisionava e até podia ouvi-la por entre as ondas murmurar:

“Aqui estou há milhares de anos. O tempo de tua presença comigo é infinitamente menor que o grão de areia que pisas. Não desperdices a chance que tens. Refresca-te o corpo e o espírito com a força dos meus dons. Absorva-me que te ajudarás a compreender melhor os “porquês” do viver”.

Concordando, continuava prisioneiro a meditar, porém, já estampando no rosto a transfiguração do dissabor do calor reinante pela satisfação das respostas encontradas...

E, ainda sob o efeito hipnotizador da natureza exposta, meu pensamento vagante confronta-se com a crise das águas e cantarola um apelo:

Água, água onde estás que não respondes? Por que te escondes nas profundezas da terra e nos labirintos do céu?”

Resolvestes vingar dos homens que por séculos não te deram valor, te esperdiçaram como algo supérfluo e infindável?

Tua ausência os assusta, e agora sentem que és tão necessária  quanto o ar que respiram.


Retornes que serás bem recebida e, cientes da tua importância, saberão preserva-te, aclamando-te  Nosso Ouro Branco! ”

O TREINO - JEREMIAS MOREIRA


O treino
Jeremias Moreira
Rivalidade, preciso treinar com mais afinco.

Uma parte da minha equipe de corrida, a “Run For Life”, é muito competitiva. Se isso é um estimulo para superar metas, para quem não consegue o devido repouso, é muito desgastante. Pertenço aos dois grupos: o competitivo e o que não descansa. Ando relapso, a corrida libera a endorfina e creio estar viciado. Quando o Homero me convidou para praticarmos corrida no seu sítio, no sábado, aceitei de bom grado. O sítio fica em Aldeia da Serra. Ainda estava escuro quando peguei a Rodovia Castelo Branco. Havia pouco trânsito àquela hora e logo alcancei o acesso para o meu destino. Um céu magenta vívido começava a despontar no horizonte. Era indício de que o dia seria bonito.  Assim que terminou a longa a subida sinuosa, o asfalto terminou e a estrada passou a ser de terra. Seguindo a orientação do Homero, dois quilômetros à frente deixei a estrada principal e entrei num desvio à direita. Mais parecia uma trilha de tão estreito. Depois, ele me contaria que essa entrada mal cuidada contribuía para a privacidade do sítio. Vencida a “trilha” uma clareira se abriu e contemplei uma paisagem deslumbrante. Era o sítio do Homero. Um forte sol dourado surgia por trás da imponente casa rústica e compunha um maravilhoso contra luz. Ele me esperava na varanda com sua cuia de chimarrão. Homero é gaucho, iríamos treinar para a São Silvestre. A topografia daquela região é bastante acidentada e propícia para treinos de resistência. Tomamos um café da manhã frugal e logo nos pusemos em atividade. E foi por montes e por vales, apreciando paisagens exuberantes, que realizamos o treino. Quando voltamos, ao fim de duas horas e percorrida a distância de vinte e dois quilômetros, a endorfina saía pelos cabelos e estávamos exultantes. Um lauto almoço nos esperava. Depois, numa rede na varanda, tirei o atraso do cansaço acumulado. Quando Homero me acordou já era noite.  Voltei para casa realizado.

PRAIA, PREGUIÇA E... - M.Luiza de C.Malina


PRAIA, PREGUIÇA E...
M.Luiza de C.Malina

O rádio, uma velha canção arrastava a memória aos bons momentos, regados ao reggae de Papa Winnie.

A preocupação, espichada para uma boa soneca na rede, foi surpreendida por dois mascarados, que de carnaval nada tinham.

Apontavam uma arma que, de brinquedo nada tinha. Que, de brilho roto a todos enganava.   Que, de pontaria, as magras mãos nada sabiam.

Um, dois, três e jacutinga! Em pé, mais rápida no gatilho que ele próprio, puxo-o rede adentro.

O outro, pernas para que te quero, desaparece assustado, no anacoluto sem luto.


O rádio, “please don´t take my sunshine away”…

O NOME - Mario Augusto Machado Pinto



O NOME.
Mario Augusto Machado Pinto


O vento penetrava uivante pela fresta do encaixe da janela do vagão e resfriava meu rosto. Tratei de proteger-me com a echarpe preta que levava ao ombro.

Acomodei-me melhor na poltrona da segunda classe. Suspirei. Olhei o relógio: duas da manhã. Falava pra mim mesma:

 “Preciso dormir. Chacoalhando assim... Só uma soneca. Bem, chegarei à estação antes das oito. Tomara que Juvenal não se atrase desta vez. Dependendo das condições da estrada vou enfrentar mais duas horas de automóvel até a “casona”.

Dava pra ver o cansaço no meu rosto refletido no vidro da janela. Lá fora estava escuro como breu. Nenhum clarão, só o reflexo amarelo das luzes do teto do vagão iluminando o cascalho à beira dos trilhos.

Quando cheguei, milagre dos milagres, Juvenal já estava à minha espera. Cumprimentou-me com o seu famoso jeitão:

- Bom dia Dona Dama, fez boa viagem?

Encarregou-se de minha pequena bagagem, guiou-me:

- Entre, fique a vontade. Faremos um bom percurso. Disponho de água geladinha. Se quiser é só avisar.

Certa vez disse pra Fran que achava que ele é um tanto pernóstico, irritante, mas ela nega:

- É resultado das suas leituras, romances e dicionário. Ele quer mostrar que é educado e sabe dar bom trato aos nossos amigos. Não liga não, faz Hum, Hum, e tudo bem.  Deixa pra lá.

Deixei pra lá, mas fiquei com a irritação. Lembrei-me que todos meus amigos e conhecidos passaram a me chamar de Dona Dama. É apelido, claro, mas funciona como se fosse meu nome próprio. Até eu me confundo, já assinei assim. Não gosto. Hoje me irritou. Lembro-me dele falando “Dona, a senhora é uma dama”. Ficou como nome... Todos sabem, mas é assim que me chamam em toda parte: DONA DAMA!

A “casona” fica ao final de uma alameda de uns dois quilômetros de árvores, cujas copas se encontram no alto formando um túnel florido na primavera. É simplesmente lindo! Depois, gramado de grama japonesa que parece veludo tratado a tesourinha de unha, e a casa colonial brasileiro, enorme, com dois andares. É visão que ninguém esquece.

Chegamos juntas: a Fran está a cavalo.  Eu, de carro. É muito gostoso rever essa amiga de todas as horas sempre com um sorriso, uma palavra carinhosa, outra alentadora. Acertei quando a convidei para administrar Belo Campo. Estava divorciada, moral no chão e desorientada não sabendo o que fazer.

Desmontou, deu um abraço daqueles, envolvente, forte. Sei que é sincero, exprime verdadeira amizade.

- Então, como é? Só assim consegui que você viesse.

Fomos andando, devagar, eu enchendo os olhos com a boniteza ao redor e os pulmões com o perfume no ar.

- Sabe Fran, as coisas estão cada vez mais complicadas. Desde que me separei do Anibal faço tudo relativo à Belo Campo. O que toma mais tempo é a compra e venda do gado. Tô andando pelo sul todo. É muito pedido. Quando colocados à venda, nossos animais são muito disputados. Fico ao telefone o tempo todo. Vou a almoços sem fim. Escuto todo tipo de “cantada”. Na verdade não está fácil.

- Tudo isso tem recompensa: bom lucro.

- É verdade e você tem parte importante nesse sucesso. Sempre sou agradecida.

- Ah, deixa disso. Fazemos porque queremos e gostamos. Eis nosso sucesso! Vamos conversar no saloto ou quer descansar um pouco e depois tratamos das coisas?

- Prefiro agora. Depois descanso um pouco.

Ela chama o meu escritório de saloto. Todas as decisões são aqui adotadas, e hoje temos varias. A Fran tem o que chama de “meu canto” na parte detrás da “casona”. A parte da administração a cargo dela fica perto, numa pequena casa. Quando vou lá é por pouco tempo, mais para que me vejam. Sinto que interfiro. Sei que não, sou a dona, tudo é meu, mando, pago, mas não me sinto à vontade. Enfim, são coisas e a Fran aceita sem reclamar.

Fomos ao “saloto”. Vimos e decidimos o que precisava. Levou tempo. Comemos ali mesmo. Estava muito cansada. Da agenda ficou apenas para o final da tarde a assinatura dos papéis da venda do touro que fizemos pra Fazenda Rodeando. Combinamos tratar disso no dia seguinte. Fui descansar pedindo pra me chamarem as sete para o jantar.

Após o banho, repaginada, desci. Fran já me esperava com um ginger ale. Conversamos um pouco e ela me avisou que amanhã às três horas o Nhô Tim, nosso vizinho, me oferecia carona para São Paulo no avião dele. Comentamos que era uma boa, pois além da rapidez e comodidade teria a companhia agradável de um homem “meio apaixonado por mim” como dizia ele. Meio porque faltava minha metade. Rimos a valer.

Jantar tranquilo, ótimo leitão pururuca e pastéis, minha paixão na fazenda.

Falamos sobre detalhes de tarefas a fazer. Combinamos nos encontrar amanhã cedo sem horário fixado e fomos dormir.

Acordei bem cedo devido ao calor, andei a cavalo, dei umas corridinhas em volta da casona e fui pra piscina. Ai a Fran me encontrou, falamos sobre o trabalho na fazenda, nadei, comentei o sucesso dela quanto à qualidade dos nossos touros subindo na escala. É trabalho muito importante: é que eles são destinados à reprodução ou aos rodeios. Temos tido muito sucesso.

-Não quero apressar, mas está na hora de você se preparar pra voltar. Ah, ainda tem que rever e assinar o contrato da vendo do touro. E também tem os papéis da Secretaria. Lembre-se que leva mais de meia hora até a pista do Nhô Tim. Vamos, então?

Sem correria fiquei pronta a tempo e hora.

Assinados os documentos, saí pro pátio: carro pronto, Juvenal a postos, comecei a me despedir da Fran quando ela gritou:

- Nossa! Faltou colocar o nome do bicharoco no contrato e nos formulários. Nós não chegamos a um acordo, lembra? Ficamos indecisas. Qual vai ser?

E foram ditos mil nomes e nenhum era a cara do nosso touro. Foi quando o Juvenal falou:

- Com vossa licença quero lembrar: há um touro em Barretos que até hoje é o melhor, mais forte, campeão de todos os rodeios. O nome dele é “Bandido”. Eu acho, se me permitem, que o nosso vai ser melhor que ele. Então posso sugerir um?

- Claro. Pode. Qual é?

- Pregunto: quem é maior que bandido? O chefe dele. Tem que ser o melhor. O número um! Então o nosso touro tem que se chamar CHEFÃO. ´brigado.

Rimos alegres e satisfeitas com a sugestão. Aceitamos na hora. Demos parabéns pro Juvenal. Ficou encabulado.

Demonstrou seu contentamento quando abriu a porta do carro e me disse:
- Pode entrar, Dona Gertrudes.


Disse meu nome!

O vizinho estranho - Fernando Braga



O vizinho estranho
Fernando Braga

Hoje, quase aos oitenta, não posso me esquecer de um vizinho de minha avó Iaiá em uma rua de Pinheiros, próxima à igreja do Calvário. Era início da década de 50, eu terminara o curso ginasial em colégio interno e iria iniciar o científico em outro nosocômio. Tinha completado 15 anos e me sentia agora livre como um pássaro, longe das rédeas apertadas de um colégio marista. Minha família morava no interior e agora eu iria morar com minha avó, onde ainda habitavam uma tia, seu marido e dois filhos, o mais velho, com quase minha idade.

Eram quatro casas geminadas e do seu lado direito, morava o seu Oto, um alemão que arrastava mal o português, era baixo e gordo, de uns 50 anos na época, que para mim já era um velho. Sua mulher também era gorda e conseguia se comunicar melhor em nossa língua. O alemão era conhecido na rua e todos o achavam muito estranho. Quando raramente saia de casa a passear com seu cachorro, a ninguém cumprimentava e sempre mantinha seu olhar dirigido para o chão, para a frente ou para o alto, nunca para os lados.

 Sua casa era de um silencio absoluto e raramente, podia-se ouvir sua mulher cantando e chamando Oto, Oto.... Ele parecia estar sempre mal humorado, com raiva, como se detestasse a todos e mesmo, o mundo. Às vezes, eu e meu primo brincávamos ou lutávamos, gritando ou falando alto e do outro lado ouvíamos:

Parra, parra! seus moleques! Parávamos na hora. Uma vez o vi pela janela do banheiro, no quintal, espancando seu cachorro que havia saído à rua. 

Sempre me pareceu muito agressivo e sua figura nos metia medo. Certa tarde, minha tia disse que ela havia sido convidada pela mulher de seu Oto para ir à noite ver televisão, que haviam comprado. Naquela época, poucos tinham televisão. Eu e meu primo dissemos que gostaríamos de ir juntos para ver televisão. Minha tia nos levou e fomos bem tratados pela esposa de Oto. Nos serviu um pedaço de bolo e vimos a TV Tupi. Seu Oto não apareceu, o que nos deu muito alívio! Lembro-me de ver em sua sala uma fotografia antiga com um grupo de soldados e sobre um dos moveis da sala um capacete, provavelmente dele. Outra ocasião estava eu a tomar banho e comecei a cantar, com voz firme:

Oh, oh, say,  can  you  see...By the down early light! Era o hino americano, que havia aprendido no ginásio. Subitamente, ouvi fortes batidas na parede que fazia divisa com o banheiro de sua casa. Parei de cantar e depois comentando com minha avó ela disse:

Você canta muito alto, o alemão não gosta!

Eu não gostava do alemão, ele era estranho, mas realmente não nos incomodava.

Uns dois anos após, continuava vivendo em casa de minha avó e, ao voltar do colégio deparei com um movimento na rua, logo em frente à casa de minha avó. Pensei no pior, que algo havia acontecido com ela, mas, logo a vi, com minha tia, tio, que estavam na rua conversando com outros vizinhos. Quando perguntei o que havia acontecido, disseram-me que há meia hora havia saído a polícia, levando o seu Oto e sua mulher, presos.

Mas por quê? - indaguei.

Ninguém sabe!

A polícia voltou algumas vezes à sua casa levando objetos, papeis e outras coisas mais.

Dias após, meu tio veio com a notícia esclarecedora e enfatizou:

Eles foram repatriados para a Alemanha. Eram refugiados de guerra e parece que seu Oto era da polícia especial de Hitler, a SS,  um dos comandantes de um campo de concentração. Conseguira fugir quando chegaram os russos e depois escapulir para a Argentina e então para o Brasil.
Nunca mais ouvimos falar de seu Oto. Agora entendo o porquê de seu silêncio, porque era esquivo e muito mal humorado.


Tomara que não tenha sido levado para Israel, como o Eichman!


EUSÉBIO, O BOMBEIRO - Oswaldo Romano



EUSÉBIO, O BOMBEIRO

Oswaldo Romano     
                                                         
Ela, atendeu ao telefone da guarnição do Corpo de Bombeiros. Recebeu o chamado,  tomou as providências.

        Na curva oito da Br 101 um caminhão carregado com mercadorias, o motorista perdeu o controle e caiu na ribanceira.

        Acionada a prontidão da guarnição, o sargento Eusébio reuniu seus homens.

        — Ao trabalho! Ordenou: Equipe a postos.

        O porte físico do Eusébio, contribuiu para ganhar a confiança do Coronel e chefiar essa unidade.

        — Alarmes ligados, temos que impedir os saques.

Lá, no quilômetro 101 tinha gente como formiga, os favelados avançavam sobre os pacotes. Ouvem os alarmes, chegam os bombeiros. As mulheres se retraem, elas dão mais respeito às autoridades.

        Eusébio se impondo, os mais próximos se afastam, mas não desistem. Eusébio aciona a polícia, não cabe ao bombeiro o papel de policiamento. Diz para si:  Sou um bombeiro, sou treinado para matar fogo e não matar a fome desses famintos.

        A equipe que cuidava do motorista ainda preso nas ferragens, contava agora também com a experiência do chefe.

        Quando a polícia chegou, restava pouco daquela carga. Não são bandidos, são necessitados. Desocupados porque o governo com sua ajuda os incentiva, desestimulando-os de trabalhar.

        Escolas fracas, maus professores, lá encontram amigos não só para o esporte, mas também para o vicio e assaltos. Ela, a viatura 30 da polícia cobriu aquele acidente. Finalmente, livraram o motorista das ferragens. Ele, levemente ferido foi transportado para o hospital.


        Eusébio, com a missão cumprida acionou um guincho, reagrupou seus homens, retornou para o quartel. Pouco depois, sua guarnição estava pronta, de plantão, aguardando outro chamado.

FUGITIVO DAS MALDADES - Oswaldo Romano


FUGITIVO DAS MALDADES
Oswaldo Romano                        
                                      
Ele era um homem estranho. Não gostava de se avizinhar, não conversava, era completamente escuso, e a meu ver, escondia alguma coisa. Dito e feito!

        Silvério chegou à nossa fazenda procurando trabalho. Queria ficar distante da fazenda do Dr. Zé da Toca.

 Como é normal, foi entrevistado.

        — De onde você vem?
        — Venho da fazenda do Dr. Zé da Toca.
        — Onde fica?
        — Fica em Touceira.
        — Qual é seu Nome?
        — Silvério.
        — E Touceira, onde é?
        — A pouca légua da cidade.
        — Que cidade?
        — Santa Maria.
        — O que você fazia lá?
        — Trabaiava.

        — Oh Silvério! Você tem medo de conversar. Pra te dar serviço eu preciso saber mais coisas da sua vida.

        — Carece eu trabaia. Tenho que mandar um dinheiro pra Isaura que tem um filho e disse que é meu. Ordem do Dr. Delegado. Posso ser preso.

        — Espere eu entender. Você está fugindo?

        — Não senhor. Tenho que fugir se não pagar. Mas quero pagar. O sinhô me ajuda. O menino é muito bonito, da risada atoa, mas não é meu, não. O Tião me chama de cornudo. Os outros dão risadas. Tive vontade de dar com o enxadão na cabeça dele. Não valia a pena, resolvi sair. Não sou casado, não. Aquela muié é bonita que dá gosto, mai muito falada. Vive pros cafezais. Até o delegado oiava cheroso pra ela e depois ficava oiando prá mim com cara safada.
        — Silvério, vou dar emprego para você. Depois acertaremos detalhes. Preciso saber mais coisas.

        Estávamos na época de alegria, comemorando a beleza da plantação, que prometia uma grande colheita. O fazendeiro feliz mantem o dia todo aquele sorriso de satisfação, trocado constantemente com os colonos.

        — Eu sou o Francisco, quem  admitiu o Silvério. Parece trabalhador e chegou num bom momento. O começo da colheita.

        Estamos preparando a festa da Aleluia, aquela do Judas. Os colonos vão gostar e vai ser lembrado o falecido filho do Dr. Inácio, o Bruno, estudante em Santa Maria, afilhado do nosso patrão.

        Silvério tendo morado vizinho de Santa Maria  viveu como todos de lá, o drama da  cidade. O incêndio da Boite Kiss.

        Quando viu aqui esse movimento, sentiu que a tristeza não se restringia só lá, não. Estava em toda parte.

        — A manifestação que ocorre no Sábado da Aleluia, é uma vingança Cristã contra Judas Iscariotes, filho de Simão. Foi ele quem delatou Jesus que acabou crucificado. É o traidor da história da humanidade.

         Os unguentos de nardo puro que Maria ungiu os pés de Jesus, hoje vão usar para incendiar o boneco desse traidor.

Doze metros é a medida do chamado pau de sebo. Estava pronto para receber o espantalho Judas.

        Discutiu-se quem o Judas representaria, para não quebrar a tradição. Representar era pintar a cara do boneco com feições do escolhido. Pensou-se no vereador José do PT, tido como o folgado que nada fazia pela cidade. Do delegado, do prefeito, do fiscal. Mas todos sabiam de quem seria.

        A simplicidade do caboclo Silvério, encarregado de montar o boneco contou com ajuda da Arminda, a mulher que consertava roupas.

        Ele sentiu a oportunidade de se vingar das autoridades, porque chegaram até ele os respingos do lamentável incêndio. A cara foi bordada com feições da maior personalidade da nossa republica. O cabelo veio das espigas de milho.

        Depois preencheu a cabeça do boneco, não só com serragem e palha, mas com um enxame de abelhas tirado a noite do canto do beiral da cocheira!
        Quando tudo pronto o Judas foi alçado. O mais entusiasta, ao sinal do meio dia, subiu no pau de sebo, alcançou o boneco, e jogado ao chão um enorme grupo de moleques que o esperava, com paus, na expectativa de encontrar os prêmios e as esperadas balas, iniciaram a pancadaria. Francisco iniciou a queima do fantoche.

        Jamais passou pela cabeça dos manifestantes, que o Judas apanharia, mas iria se vingar. E se vingou. Pleno meio dia, sol forte, sem camisas, as abelhas picavam e rolavam.

        Silvério sentia arrepio na pele quando falavam do acontecido na Boite Kiss, lá em  Santa Maria. A tragédia foi tão grave que colocou o Brasil indignado. Há dias junto com outros da colônia, participou de uma reza em memória dos mortos, entre os quais pelo estudante  Bruno, afilhado do Dr. Maurício, filho do fazendeiro Tércio, muito seu amigo.

        Silvério na reza só sabia a Ave Maria. Ao mencionarem Santa Maria, se transportou para o reduto que deixou com tristeza.

        Sua conclusão é que o responsável da tragédia está em Brasília, onde começa a corrupção e se espalha lançando chispas por todo país. É o PT administrando, dando exemplos, espalhando seus homens atrás de dinheiro fácil, alcançando todos os rincões.

        Não foi um acidente climático mandado do céu, ou promovido por um louco atirador. Os bandidos são outros. Crias do maior partido do brasil. Petistas compareceram no velório. Viram os 242 mortos e choraram em cima dos cadáveres como se não tivessem culpa.

         Promoção politica é uma praga que dá até em velório das suas próprias vítimas. A autoridade máxima, chorar em cima do leite que derramou, causa indignação, revolta. Deviam ter vergonha!

        O Judas ser malhado deixou muitos com a sensação de batendo, aliviar a revolta. Muitas abelhas continuarão por ai, picando e procurando novos caminhos, não sei até quando.

        Os presentes na malhação comentavam seu desenrolar entre muitas criticas. O Dr. Mauricio, lembrando o jovem e as tristezas sofridas pelos pais, seus amigos, emocionado e revoltado, não conteve as lágrimas. O boneco apanhou muito. Mas continua viva a praga regada pela bolsa família.


        Finalmente queimado sobrou um fumego que levantava velados rolos de fumaça que os transportavam para a cena triste da incendiada Kiss.

CLÁSSICOS BRASIL NA HÍPICA DE SANTO AMARO - Vera Lambiasi



CLÁSSICOS BRASIL NA HÍPICA DE SANTO AMARO
Vera Lambiasi

Final de semana de feriado, aniversário de 461 anos da cidade de São Paulo, bem comemorados. O evento já começou bem, com a apresentação dia 1º de dezembro na Lanchonete New Dog, a mais querida, desde 1967. Reunião de entusiastas por carros nacionais, com muita vontade de mostrá-los. Encabeçada por José Ricardo, parceiro do MG Club, nas 1000 Milhas Históricas Brasileiras, craque na logística de rallies e exposições.

200 automóveis brasileiros, de todas as épocas e modelos participaram, tendo prémios para os melhores de cada década, por originalidade.

A Hípica de Santo Amaro, velha conhecida dos Concursos de Elegância nos anos 80 e 90, abriga lindamente estes veículos antigos. Dispõe de estacionamento para visitantes nas suas longas sombras de árvores. E um relvado cinematográfico para as grandes atrações, os carros expostos! Em volta, a feira de peças, lojinhas, conveniências, comidinhas, bebidas e sorvetes. Fez um calor inacreditável em São Paulo esses dias, adeus terra da garoa.

Chegámos cedinho no domingo, e já fomos encontrando os amigos e suas preciosidades. Solange, secretária do MG Club, trabalhou no evento, e nos recebeu com a sua simpatia.

Halle expôs seu Puma azul, participante das 1000 Milhas, e fez a nossa propaganda. Maurício Marx e sua super loja angariava mais participantes. O que esse menino vende de carros é impressionante. E leva todos aos rallies!

Murad pai e filho, com o seu único Monarca, fizeram a alegria de descobridores de relíquias. Joãozinho Siciliano recebia Og Pozzoli com tanto carinho, o seu pai deve estar radiante lá no céu, ô garoto simpático. E ótimo negociante. A turma do Box 54, estacionamento da Castello Branco, gente bacana do interior.
Deu gosto ver tantos carros da nossa infância. Alfas e Dodges, meu pai os adorava. E encontrar tanta gente boa. A Célia Cotrim é sempre uma festa, acompanha o filho em rallies e exposições, com muita energia. Fizemos mil fotos, uma da outra, uma farra. Destaque para o Romi-Isetta azul calcinha, Porsche Envemo marron metálico, Corcel, Landau, Karmann-Ghia, Fusca da polícia, Mavericks abóboras. O ônibus escolar do Colégio Dante Alighieri impecável, Berlinetas Interlagos, Pumas, Fuscas e Kombis. E o Puma DKW do Ricardo Prado, restaurado há anos na R&E, que ganhou o Troféu Fabio Steinbruch (grande colecionador já falecido), por sua originalidade.

Fechamos o dia com mais essa alegria.