Carlos Drummond de Andrade
Pesquisa por Ledice Pereira
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira, Minas Gerais, no dia 31 de outubro de 1902.
Iniciou sua trajetória literária, publicando artigos
no Diário de Minas e, em 1928, ganhou notoriedade com seu
poema "No Meio do Caminho", que escandalizou a crítica. Lançou
sua obra de estreia, "Alguma Poesia", em 1930, e rapidamente se
consolidou como uma figura central no modernismo brasileiro. Durante sua
carreira, Drummond explorou temas como a solidão, o amor, a injustiça social e
a identidade. Sua escrita era marcada por uma ironia sutil e um lirismo
profundo.
Destacou-se também como
tradutor, trazendo clássicos da literatura mundial para o português e
estabelecendo-se como uma voz influente na cultura brasileira. Seu trabalho é
essencial para entender a literatura contemporânea do Brasil.
Alguns poemas conhecidos
E agora, José?
A festa acabou, a luz
apagou, o povo sumiu, a noite esfriou,
e agora, José?
(Expressa a angústia
existencial e a solidão)
Eu te amo
porque te amo.
Amor é
estado de graça
e com amor
não se paga.
(É um dos poemas mais
delicados e profundos sobre o sentimento amoroso)
Quadrilha
João amava Teresa que amava
Raimundo
que amava Maria que amava
Joaquim que amava Lili,
que não amava ninguém.
João foi para os Estados
Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre,
Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili
casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na
história.
Na obra Lição de Coisas (1962), o poeta é
tomado pela poesia nominal, muito próxima da filosófica, em cuja linguagem, o
verso e a palavra são desintegrados com o uso constante de neologismos,
alienações e rupturas sintáticas que se aproximam do Concretismo,
embora o poeta não tenha admitido. Os versos a seguir mostram essa orientação:
O árvore a mar
o doce de pássaro
a passa de pêsame
o cio da poesia
a força do destino
A pátria a saciedade
o cudelume Ulalume
o zumzum de Zeus
o bômbix
o ptys
Obras de Carlos Drummond
Poesias
- Alguma Poesia (1930)
- Brejo das Almas (1934)
- Sentimento do Mundo (1940)
- Poesias (1942)
- A Rosa do Povo (1945)
- Poesia até Agora (1948)
- Claro Enigma (1951)
- Viola de Bolso (1952)
- Fazendeiro do Ar & Poesia Até Agora
(1953)
- Poemas (1959)
- A Vida Passada a Limpo (1959)
- Lições de Coisas (1962)
- Boitempo (1968)
- Menino Antigo (1973)
- As Impurezas do Branco (1973)
- Discurso da Primavera e Outras
Sombras (1978)
- O Corpo (1984)
- Amar se Aprende Amando (1985)
Prosas
- Confissões de Minas (1942)
- Contos de Aprendiz (1951)
- Passeios na Ilha (1952)
- Cadeira de Balanço (1970)
- Moça Deitada na Grama (1987)