Corte o mal pela raiz
José
Vicente J. Camargo
No
Congresso Nacional ele é conhecido pelos demais deputados −
apesar de não ter
curso superior − como Dr. Sabetudo, que
confirma a tendência dos brasileiros de conferir títulos honoríficos, não só aos
oriundos das ciências e das letras, mas também a quem tem, além do conhecimento
do ofício, a simpatia da maioria dos que com ele convivem. Atributos para isso
não faltam ao nosso deputado, dado a sua ilibada conduta política, humana e
social, demonstrada na atual e nas duas legislaturas anteriores que lhe valeram
um número crescente de votos. Sua maneira peculiar de expor projetos e emendas
na Câmara e de justificar seus votos com tons de ironia e humor − originando
seu apelido “Dr. Sabetudo”− é o motivo da sua
popularidade entre os demais parlamentares e o assunto preferido da imprensa
falada e escrita.
Chegando
sua vez de discursar no parlatório em prol de uma solução para um grave delito
nacional, que vem afligindo a sociedade, inicia:
− Prezados
Colegas,
para basear-me no que vou aqui propor, pesquisei nas redes sociais e nas demais
mídias, motivos que pudessem levar alguém a cometer crimes dessa natureza. Eu
pessoalmente tenho um amigo de muitos anos que está em tal situação. Ele é
daqueles “incapazes de fazer mal a uma mosca” e então, como explicar que foi preso
tentando matar sua mulher? Como pode, do dia pra noite, mudar seu instinto de
marido amoroso para marido assassino? Ao meu ver, o motivo principal está na
mente das pessoas que, como o ditado “água mole em pedra dura, tanto bate até
que fura”, vai aos poucos absorvendo mensagens externas que a convence a
cometer tais delitos. Em outras palavras “lavagem cerebral”. Em poucas horas
pincei da mídia em geral, à disposição de qualquer cidadão, as seguintes frases
e estrofes:
● Mulher
fala ao marido:
− Você parece não
se importar com o que penso!
− Me importa! O
que passa é que você nunca para de pensar...
● Médico pergunta
ao paciente engessado na cama do hospital:
− O Sr. pratica
alguma atividade perigosa?
E ouve
− As vezes
discordo da minha mulher...
● Opinião de
cientista famoso:
“Acho que toda mulher
deveria discutir em libra com o marido” (Alfred Einstein)
● Mulher no
confessionário: − Padre, depois que me separei do meu marido,
ele não para de beber, o que devo fazer?
− Nada! deixe ele
comemorar em paz...
● Mulher ouve no
grupo de alto ajuda:
− Se você ainda
não foi chamada de bruxa ou coisa parecida, você não está fazendo seu papel de
mulher corretamente...
● Mulher na
clínica estética:
− Dr., acho que
estou mais feia, sinto-me gorda e vejo-me mais velha, o que tenho?
− Razão, diz ele...
● Um ladrão me
acerca e diz:
− O dinheiro ou a
vida!
Eu respondo:
− Sou casado
imbecil! Que dinheiro? Que vida?
Nos abraçamos e
choramos juntos, foi muito bonito...
● O animal mais
rápido do mundo é uma mulher com raiva escrevendo no WhatsApp...
● Conselho de amigo,
pra amigo:
“Não tente
entender as mulheres. Mulher entende mulher e elas se odeiam...”
● Marido poeta:
No aniversário
dela, ele lhe deu uma lua nova
Ela a apalpou,
avaliou e rejeitou
Ah! Eu queria
aquela, sabe? Toda cheinha...
Certamente,
caros colegas, existem outros motivos mais complexos que envolvem os labirintos
da ciência médica, mas deixemos esses aos psiquiatras explicarem. Mas este que
exponho, é o culpado mor dessa tragédia. Portanto peço vosso voto para que
cortemos este mal pela raiz, que fique proibido, doravante, publicar em
qualquer mídia, incluindo as redes sociais, qualquer comentário ofensivo às
mulheres, acabando esse bullying mediático que impulsiona a mente assassina dos
homens.
Entre
os parlamentares, ouve-se sussurros:
“Essa proposta
do Dr. Sabichão vai dar o que falar na imprensa, não creio que seja aprovada. A
bancada feminina vai entrar em frenesi. Quanto a isso, sussurra outro, tenho uma
frase apropriada: “Pra calar um grupo de mulheres, basta dizer: vai falar uma de cada
vez! E começa com a mais velha...”
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